O Banco Central do Brasil mudou algumas regras burocráticas para o funcionamento das fintechs e isso afetará diretamente as contas do Nubank, a maior startup de finanças do Brasil. Isso porque, segundo decisão do Banco Central, a instituição precisará ter mais dinheiro em caixa para seguir operando. Contudo, os valores são bastante altos, o que pode afetar o funcionamento do banco.
A mudança vem depois de um pedido de bancos maiores para a entidade. Isso porque, desde 2013, o Banco Central vem estimulando a concorrência no mercado, o que fez algumas empresas crescerem muito. Porém, algumas fintechs seguiam regras mais brandas, o que tornava a competição injusta.
Competição injusta
Os grandes bancos afirmavam que havia uma competição injusta no mercado bancário brasileiro. Isso porque as empresas com maior crescimento tinham regras mais brandas para funcionamento, de acordo com uma norma aprovada em 2013. Na época, o intuito do Banco Central era aumentar a competitividade do mercado brasileiro, aumentando a oferta de empresas. Nesse cenário, surgiu o Nubank.
Com isso, uma das regras era um menor valor guardado em caixa para a empresa funcionar. Em tese, esse valor serve para que a empresa consiga cobrir despesas extraordinárias, como a falta de pagamentos por parte dos clientes, além de multas ou encargos de processos judiciais. Até semana passada, os bancos precisavam ter valores maiores que as fintechs. Diante disso, os grandes bancos brasileiros alertaram o Banco Central, que tomou uma providência.
Na prática, isso afetará todo o mercado brasileiro, não apenas o Nubank. Isso porque todas as fintechs terão que aumentar o seu valor em caixa. Apesar disso, o Banco Central não divulgou a lista dos nomes das instituições que precisarão se readequar à nova regra. Além disso, a entidade não deu prazo para adequação, o que torna a necessidade pelo dinheiro imediata.
O Nubank vai acabar?
O Nubank, a maior fintech brasileira, perdeu valor de mercado com o anúncio da nova regra. Nos últimos 5 dias de negociações, a queda é de 14%. O resultado é por conta, justamente, do temor dos investidores com a nova regra, o que atrapalha a expansão que o banco procura fazer nos próximos anos.
Isso porque, na prática, o banco deixará de gastar dinheiro em novos produtos e processos e deixará o valor parado, por questões regulatórias. Com a notícia, os investidores preferiram vender as ações. Ainda, um levantamento feito pelo banco americano Goldmann Sachs afirma que o Nubank precisa de algo em torno de R$1,8 bilhão (US$360 milhões) para cumprir a nova regra.
Dessa forma, instituições de pagamento que trabalham com outros serviços financeiros terão que cumprir a legislação. Ainda, analistas afirmam que isso afetará também o PicPay, aplicativo de pagamentos que vem crescendo bastante no Brasil. O Nubank ainda não informou como recorrerá ao dinheiro e se ele virá através de empréstimos ou através de mais abertura de capital.