João Doria (PSDB) anunciou nessa segunda-feira (7) que qualquer brasileiro poderá ser vacinado contra a Covid-19 em São Paulo. Em coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes, o governador falou que 4 milhões de doses serão reservadas para pessoas de outros estados nessa primeira etapa de vacinação.
A expectativa, segundo o anúncio de ontem, é iniciar a imunização com profissionais da saúde, pessoas acima de 60 anos e grupos de indígenas e quilombolas. Ao todo, 9 milhões de pessoas devem ser vacinadas nessa primeira etapa.
Doria afirmou ainda que vacinação será gratuita para todos no sistema público de saúde do estado de São Paulo, mas não afirmou o mesmo sobre os brasileiros de outros estados.
“Não estamos virando as costas para o Plano Nacional de Imunizações, mas precisamos ser mais ágeis e, por isso, estamos nos antecipando. Somos todos a favor da vida e de todas as vacinas”, acrescentou o governador.
Anvisa reage a Doria
A vacina a ser utilizada no combate à Covid-19 em São Paulo é a CoronaVac, criada pela farmacêutica chinesa SinoVac. O Instituto Butantan, segundo o governo, será o responsável por produzir as doses do imunizante aqui no Brasil.
Logo após o anúncio de Doria, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou nota oficial para informar que ainda faltam etapas de análise para confirmar o registro da vacina chinesa. Segundo a Agência, o Butantan ainda não enviou os dados da fase 3 de testes clínicos do imunizante.
A Anvisa informou ainda que o relatório de inspeção junto à fábrica SinoVac, que deve ser feito pelo órgão federal de vigilância sanitária, pode ficar pronto somente a partir de 11 de janeiro. A data, portanto, antecede em apenas duas semanas a data divulgada por João Doria.
A Anvisa divulgou nesta semana que já realizou as inspeções junto às fábricas da empresa chinesa, criadora da CoronaVac, e da farmacêutica britânica AstraZeneca, que também produz uma vacina. O imunizante inglês, inclusive, começou a ser utilizado nesta semana no Reino Unido.
Em entrevista à Jovem Pan, o diretor da Anvisa, almirante Antônio Barra Torres, disse que não há possibilidade de se estabelecer uma data para vacinar qualquer pessoa no Brasil.
Embate político
João Doria utilizou a coletiva de imprensa para atacar o presidente da República Jair Bolsonaro (Sem Partido). Ele afirmou que não há espaço para embates ideológicos neste momento e citou o “negacionismo” a respeito da vacinação como um problema.
Doria e Bolsonaro são inimigos políticos declarados, apesar de terem se apoiado nas eleições em 2018 para o governo estadual e para a presidência da República. A expectativa dos especialistas é de que ambos sejam candidatos concorrentes à presidência da República.
O senado aprovou na semana passada orçamento de 1,9 bilhão de reais para operacionalizar a produção e a distribuição da vacina de Oxford. Jair Bolsonaro, no entanto, informou que vai ler todas as contraindicações à população, para que “que todos saibam o que estão tomando”.
A Anvisa também realizou inspeção na empresa AstraZeneca, da vacina de Oxford, mas ainda não há relatório da agência.