Neste domingo (19), a Polícia Federal (PF), informou que foram identificados mais cinco suspeitos que teriam participação no assassinato do indigenista Bruno Pereira e do repórter britânico Dom Philips, na região do Vale do Javari, localizado no estado do Amazonas. De acordo com a PF, os suspeitos teriam ajudado na ocultação dos cadáveres.
“As investigações continuam no sentido de esclarecer todas as circunstâncias, os motivos e os envolvidos no caso”, disse o comunicado que foi publicado pela corporação. Até o momento, a identidade dos suspeitos não foi divulgada.
Além dos cinco suspeitos, três pessoas já foram presas pelo assassinato: os irmãos Amarildo da Costa de Oliveira, mais conhecido como “Pelado”, que foi o único que confessou o crime, além de Oseney da Costa de Oliveira, o Dos Santos, e de Jeferson da Silva Lima, também conhecido como Pelado da Dinha. Jeferson se entregou à polícia no último sábado, tendo sua prisão temporária de 30 dias decretada pela justiça.
Continuação das investigações do assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira
Buscando trazer respostas, a investigação tem se utilizado de duas frentes. No estado do Amazonas, um comitê de crise, criado para realizar as buscas por Bruno Pereira e Dom Phillips, continuam pela busca de elementos que ajudem a entender a dinâmica do crime. Já em Brasília, peritos do Instituto Nacional de Criminalística vêm examinando os restos mortais que foram recolhidos.
Ainda na última sexta-feira, a Polícia Federal já havia informado da possibilidade da participação de mais pessoas nos assassinatos. Contudo, de acordo com a corporação, “os executores agiram sozinhos, não havendo mandante nem organização criminosa por trás do delito”.
Na oportunidade, a União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava) contestou a versão que foi anunciada pela Polícia Federal. De acordo com a Unijava, “o requinte de crueldade utilizado na prática do crime evidenciam que Pereira e Phillips estavam no caminho de uma poderosa organização criminosa que tentou a todo custo ocultar seus rastros durante a investigação”.
Crime político
Ainda de acordo com a Unijava, o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira teria sido um “crime político”, visto que ambos eram defensores dos Direitos Humanos e estavam desempenhando atividades que ajudavam os povos indígenas do Vale do Javari quando desapareceram.
“O que acontecerá conosco? Continuaremos vivendo sob ameaças? Precisamos aprofundar e ampliar a investigação. Precisamos de fiscalização territorial efetiva no interior da Terra Indígena do Vale do Javari. Precisamos que as Bases de Proteção Etnoambiental (BAPEs) da Funai sejam fortalecidas”, declarou a Unijava.
A ONG Greenpeace e Greenpeace Reino Unido disse, em nota, que o assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira “não se tratam de fatalidades mas, sim, de um projeto criminoso do governo Bolsonaro”. De acordo com a ONG, o projeto do governo abre espaço para que atividades predatórias e crimes se tornem cada vez mais frequentes na Amazônia, além de tornar o território um domínio particular do crime organizado. “Quem busca advogar por um mundo mais verde, justo e pacífico tem sua vida colocada à prova, não restam dúvidas de que a nossa jovem democracia está em risco e se equilibra em uma corda bamba”, afirmou a Greenpeace.