Os investidores aproveitaram esta quinta-feira (11) para se desfazerem dos seus dólares. No pregão, a moeda norte-americana afundou 1,74%, maior queda diária desde 24 de agosto (-2,25%). Com isso, o dólar fechou o dia cotado a R$ 5,4041, menor patamar de fechamento desde 1º de outubro (R$ 5,3696).
Embora a divisa tenha renovado taxas negativas, o resultado no ano continua positivo. A saber, o dólar ainda tem valorização firme de 4,18% em 2021 ante o real. Contudo, a expectativa dos investidores em relação ao aumento dos juros básicos no Brasil vem ganhando força e pressionando cada vez mais o dólar.
Em resumo, o mercado vem aumentando as apostas sobre o próximo aumento da taxa Selic, que corresponde aos juros básicos do país. A inflação cresce expressivamente nos últimos meses, e o governo não se mostra capaz de agir para limitar o ímpeto das variações.
Dessa forma, cabe ao Banco Central (BC) agir para controlar a inflação, e a taxa Selic é o principal instrumento utilizado para isso. Na verdade, o BC já elevou os juros do Brasil seis vezes apenas em 2021. E as projeções do mercado é que o avanço fique ainda mais forte no futuro.
Nesse cenário, o real acaba ganhando atratividade, uma vez que proporciona rendimentos maiores. Por isso, muitos investidores deixaram o dólar de lado nesta quinta, visando aumentar seus ganhos com a moeda brasileira. Inclusive, os juros nos Estados Unidos continuam muito baixos, ou seja, os rendimentos proporcionados pelo dólar não são muito expressivos.
PEC dos Precatórios segue no radar dos investidores
Além disso, os investidores continuam atentos à PEC dos Precatórios, apovada na véspera em 2º turno na Câmara dos Deputados. O texto seguiu para o Senado Federal, onde passará por mais duas votações.
Em suma, a proposta adia o pagamento dos precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça) e altera o teto de gastos (regra que limita as despesas do governo à inflação de 12 meses). Assim, a PEC abre um espaço orçamentário de mais de R$ 90 bilhões para o governo gastar em 2022, ano eleitoral. E boa parte desse montante seguirá para o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.
Vale destacar que o cenário doméstico segue bastante deteriorado, mas o dólar vem perdendo força. A saber, os gastos públicos, como o Auxílio Brasil, elevam a inflação do país. Com isso, os juros básicos também sobem para reduzir o poder de compra do consumidor e desaquecer a economia, visando a estabilização da inflação. Nesse cenário, os investidores até podem se dar bem, mas a população não.
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