Após duas semanas no vermelho, o dólar reverteu a situação e fechou esta semana em alta de 2,75%. A saber, a moeda norte-americana avançou 0,70% nesta sexta-feira (19) e encerrou o pregão cotada a R$ 5,608. Aliás, este foi o quinto avanço consecutivo da divisa, que agora acumula uma valorização de 8,11% ante o real em 2021.
Em resumo, o que mais repercutiu na sessão de hoje foi o aumento da expectativa em relação à elevação dos juros nos Estados Unidos. Isso porque duas autoridades do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, defenderam a aceleração no ritmo de redução dos estímulos do Fed na economia americana.
Vale destacar que o banco central faz injeções na economia dos EUA desde março do ano passado devido à pandemia da Covid-19. Contudo, os dados mais recentes da atividade econômica do país mostraram que a recuperação segue firme. Por isso, o Fed começará o processo de redução em dezembro, no valor de US$ 15 bilhões mensalmente.
Por falar nisso, o banco vem injetando US$ 120 bilhões na economia norte-americana. Assim, a expectativa é que a redução dos estímulos siga até meados de 2022, época em que as injeções cessarão de vez. E só a partir disso que o Fed pretende elevar os juros básicos no país, que estão em níveis baixíssimos.
No entanto, as declarações de autoridades do Fed em acelerar o processo indicam que os juros podem subir antes do esperado. Nesse cenário, o dólar se torna mais atrativo, pois passam a render mais para os investidores. E isso fez a moeda subir nesta sexta e aumentar os ganhos na semana.
Cenário doméstico continua fortalecendo dólar
Embora um fator externo tenha prevalecido nesta sexta, o que mais repercutiu na semana foi a PEC dos Precatórios. A saber, a proposta adia o pagamento dos precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça) e altera o teto de gastos (regra que limita as despesas do governo à inflação de 12 meses).
O principal objetivo da medida é disponibilizar mais dinheiro para que o governo gaste mais em ano eleitoral. Aliás, a PEC é a principal aposta do governo para pagar o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. Com isso, o governo visa angariar votos para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
O problema é que o aumento dos gastos públicos eleva a inflação, que já se encontra nas alturas no país. Como consequência, o Banco Central (BC) eleva os juros básicos no Brasil. Inclusive, o BC elevou os juros seis vezes apenas neste ano. Isso até torna o real mais atrativo, pois os retornos para os investidores são maiores, mas nem isso está enfraquecendo o dólar.
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