O mundo segue enfrentando os desafios impostos pela pandemia da Covid-19. Quem pensava que a crise sanitária chegaria ao fim com as vacinas, já se convenceu que isso não acontecerá, pelo menos não no curto prazo. E os dados externos pouco positivos fizeram os investidores correrem para o dólar nesta segunda-feira (16).
A saber, a moeda americana é considerada um porto seguro. Por isso, em momentos de incertezas e tensões, o mercado acaba se voltando para a divisa. E isso aconteceu hoje, ainda mais com a divulgação dos dados econômicos da China em julho.
Em resumo, a segunda maior economia do planeta encerrou o mês com resultados abaixo do esperado. Assim, o mercado começa a perceber que a recuperação econômica global já não apresenta o mesmo ritmo dos meses anteriores. No país asiático, além dos novos surtos de Covid-19, enchentes contribuíram para o resultado pouco expressivo em julho.
Dessa forma, o dólar subiu 0,65% no pregão de hoje e fechou o dia cotado a R$ 5,2791. Esse é o maior valor da divisa desde 26 de maio (R$ 5,3127). Aliás, não dá pra dizer que foram apenas as incertezas do exterior que impulsionaram o dólar nesta segunda. Na verdade, a situação do Brasil ajuda e muito a enfraquecer o real ante a moeda americana.
Tensões no cenário político interno também fortalecem o dólar
Em suma, economistas ouvidos pelo Banco Central (BC) projetaram pela primeira vez a inflação do Brasil acima dos 7% neste ano. A saber, essa foi a 19ª semana seguida de estimativas mais elevadas para a inflação em 2021, e isso não deve mudar nas próximas semanas.
Para controlar a inflação, o BC eleva a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, pois ela também puxa consigo os juros praticados no país. Assim, a oferta de crédito fica limitada, uma vez que as pessoas terão que pagar mais caro pelo crédito adquirido. Isso quer dizer que uma Selic mais alta serve para desaquecer a economia do Brasil.
Atualmente, a Selic está em 5,25% ao ano, mas os economistas consultados pelo BC apontam para uma taxa de 7,50% ao final de 2021. E o presidente Jair Bolsonaro parece estar bastante empenhado em fazer a Selic subir cada vez mais.
Em síntese, Bolsonaro já está se articulando para turbinar o Bolsa Família. Isso acontecerá através do atraso do pagamento dos precatórios, o que prejudicará ainda mais a saúde fiscal do Brasil. A propósito, a PEC dos precatórios seguiu para a Câmara na semana passada.
Embora o ministro da Economia, Paulo Guedes, tenha afirmado que a PEC não representa calote aos precatórios, os investidores seguem receosos. O medo gira em torno da capacidade da União em honrar seus compromissos. E os gastos públicos elevam ainda mais a inflação, uma vez que dão mais poder de compra ao consumidor. Então, o cenário indica tanto inflação quanto juros mais altos no país.
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