O pregão desta quinta-feira (28) poderia ter chegado ao fim com um recuo do dólar. O Banco Central (BC) aumentou o aperto monetário na véspera, medida que torna o real mais atraente. No entanto, nem isso fez a moeda norte-americana cai na sessão.
A saber, o dólar teve uma forte alta de 1,25% no pregão, encerrando o dia cotado a R$ 5,6248. No ano, a divisa acumula valorização de 8,44% ante o real. E o que vem impulsionando essa disparada são os riscos fiscais do país, cada vez mais elevados.
Ontem (27), o Copom elevou os juros básicos do país para 7,75%. A saber, os analistas projetam uma alta de 1,25 ponto percentual, mas o avanço foi de 1,5 p.p. A propósito, esse é o maior patamar da Selic desde outubro de 2017.
Em resumo, o governo federal lançou o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. O programa entrará em vigor no país a partir de novembro e disponibilizará R$ 400 aos beneficiários até dezembro de 2022. Isso quer dizer que o governo vem elevando expressivamente os gastos públicos, uma das maiores razões para a alta da inflação, que está cada vez mais elevada.
Veja como a alta da Selic impactou o dólar
Nesse cenário, a Selic figura como o principal instrumento do BC para conter a elevação da inflação no país. Em suma, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no Brasil, reduzindo o poder de compra do consumidor e desaquecendo a economia. Assim, reduz a “inflação por demanda”.
Ao considerar apenas a decisão do BC, o dólar até poderia cair mais. Contudo, os riscos fiscais do Brasil preocupam demais os investidores. Em síntese, o mercado teme que a elevação dos gastos públicos impossibilite o governo de pagar suas dívidas. Isso quer dizer que os investidores temem que o governo dê calote nos credores.
Além disso, os Estados Unidos também divulgaram os dados do seu Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre. A saber, o crescimento de 2,0% ficou abaixo do esperado pelo mercado, que acreditava numa alta de 2,5%. A forte desaceleração em relação ao crescimento do segundo trimestre (+6,7%) ocorreu devido à pandemia da Covid-19, que atingiu o país fortemente no trimestre, principalmente em setembro.
Por fim, a Fundação Getulio Vargas (FGV) também revelou nesta quinta que o índice que mede a inflação do aluguel variou 0,64% em outubro. O avanço superou as projeções de analistas, que apontavam para uma alta de 0,33%. Em suma, o índice funciona como um indexador de contratos, atingindo aluguéis de imóveis comerciais e residenciais, além de contratos de tarifas públicas e seguros.
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