O dólar não sabe o que é terminar o dia no vemelho, pelo menos não nesta semana. Com uma alta de 0,80% no pregão desta quinta-feira (18), a moeda norte-americana encerrou o dia cotada a R$ 5,5690. A saber, esse é o quarto avanço consecutivo da divisa, que acumula uma valorização de 7,36% ante o real em 2021.
No Brasil, os assuntos que mais estão repercutindo nos últimos tempos são a PEC dos Precatórios e a saúde fiscal. E isso não mudou hoje. Em resumo, a PEC dos Precatórios foi aprovada na Câmara dos Deputados e agora está em apreciação no Senado Federal.
A propósito, a PEC adia o pagamento dos precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça) e altera o teto de gastos (regra que limita as despesas do governo à inflação de 12 meses). Tudo para que o governo tenha mais dinheiro para gastar em ano eleitoral e, assim, angariar votos para a reeleição do presidente Jair Bolsonaro.
Aliás, o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família, pretende pagar R$ 400 aos beneficiários. O problema é que o governo não tem dinheiro para financiar o programa e está apostando suas fichas na PEC. No entanto, os senadores apresentaram uma alternativa ao governo para que retirem o volume total de precatórios e as requisições de pequeno valor do teto de gastos.
Isso não agradou muito o ministro da Economia, Paulo Guedes, que não acredita nessa medida como solução. Já o líder do governo no Senado Federal e relator da PEC, Fernando Bezerra Coelho, afirmou que um acordo não está próximo. Ele disse que apresentará a alternativa à equipe econômica do governo para tentar chegar a uma solução.
Risco fiscal e piora das projeções econômicas impulsionam dólar
Vale destacar que todo esse cenário preocupa os investidores, que continuam optando pelo dólar em vez do real. Muitos temem que o aumento de gastos públicos leve o governo a uma situação em que não haja como honrar suas dívidas. Em suma, a preocupação com um possível calote do governo segue com força.
Além disso, o mercado financeiro elevou pela 32ª semana consecutiva a projeção para a inflação do país em 2021. Com a nova atualização do Boletim Focus, a taxa se aproximou dos 10%. Enquanto isso, as estimativas para o Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil caem a cada atualização.
Por fim, o dólar também sofreu influencia do cenário internacional. A saber, muitos analistas vêm antecipando suas previsões para o aumento dos juros nos Estados Unidos. Quando isso ocorrer, o dólar ganhará ainda mais atratividade, uma vez que renderá mais aos investidores.
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