Em 2021, o dólar encerrou apenas sete pregões abaixo de R$ 5,00. Aliás, isso aconteceu nas sete últimas sessões de junho. Todos os outros dias em que o mercado de câmbio operou, a cotação da moeda norte-americana ultrapassou essa marca.
Entre 2007 e 2012, o dólar não apresentou grandes variações, geralmente ficando abaixo dos R$ 2,00. Essa realidade distante parece um sonho para o Brasil nos dias atuais. A saber, a divisa disparou em 2014 e chegou aos R$ 4,00 em 2015, mas perdeu força e ficou abaixo de R$ 3,50 por boa parte do período entre 2016 e meados de 2018.
A partir daí, o dólar avançou até ultrapassar os R$ 5,00 devido à pandemia da Covid-19. Em 2020, a moeda americana teve valorização de 29,38% ante o real, que amargou um dos piores resultados no ano. A propósito, a divisa chegou a bater R$ 5,90 em 13 de maio de 2020, maior cotação da história, sem considerar a inflação.
Vale ressaltar que, atualmente, o dólar está longe desta marca. Com o avanço de 0,82% no pregão de ontem (10), a moeda subiu para R$ 5,2661. Na semana, acumulou alta de 1,59%, enquanto tem valorização parecida no ano (1,52%). E o que mais repercutiu na semana foram os atos do 7 de Setembro e as declarações do presidente Jair Bolsonaro.
Dólar se fortalece com elevação das tensões no país
No feriado da Independência do Brasil, milhares de apoiadores do governo foram às ruas defender pautas antidemocráticas, como o fechamento do Supremo Tribunal Federal. Inclusive, o próprio Bolsonaro afirmou durante os atos que não cumpriria mais nenhuma decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF.
A reação do mercado às manifestações e declarações no 7 de Setembro foi bastante negativa. Enquanto o dólar disparou quase 3%, a bolsa brasileira tombou 3,78%, o que representou uma perda de R$ 195,3 bilhões em valor de mercado para as empresas da bolsa.
As declarações de Bolsonaro fizeram o presidente do STF, ministro Luiz Fux, afirmar que “essa atitude, além de representar atentado à democracia, configura crime de responsabilidade, a ser analisado pelo Congresso Nacional”. E, talvez por medo do processo, talvez para tentar apagar a fogueira que ele mesmo incendiou, Bolsonaro voltou atrás.
Em resumo, o atual presidente recebeu em Brasília o ex-presidente Michel Temer, que escreveu uma nota desdizendo as declarações antidemocráticas de Bolsonaro. Aliás, o próprio Bolsonaro assinou o documento, afirmando que respeita a independência dos Poderes.
Nada disso adiantou, e o dólar, que ensaiou uma queda na última quinta (9), voltou a subir no pregão seguinte, fechando a semana ainda mais caro. Os investidores seguem atentos às tensões no Brasil. Assim, a expectativa é que o dólar encerre mais um ano acima de R$ 5,00. Ou seja, aquele sonho do dólar abaixo de R$ 2,00 se concretiza cada vez mais como apenas um sonho.
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