O dólar comercial encerrou o pregão desta segunda-feira (20) em alta de 1%, cotado a R$ 5,7410. A saber, esse é o maior patamar da moeda norte-americana desde 30 de março (R$ 5,7613). Com isso, a divisa aumenta sua valorização ante o real para R$ 10,68% em 2021.
Em resumo, o dia ficou marcado pela aversão aos ativos de risco em todo o planeta. Isso ocorreu devido ao temor global com a variante Ômicron da Covid-19, que segue se espalhando por todo o mundo. A propósito, as preocupações se referem às restrições que os países voltaram a adotar para conter a disseminação do coronavírus.
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a Ômicron já está presente em, ao menos, 89 países. Além disso, a OMS também revelou que a variante se espalha mais rapidamente que a Delta, variante de maior preocupação até o surgimento da Ômicron.
Diante desse cenário, a Holanda decretou um lockdown de três semanas no domingo (19). Enquanto isso, Paris cancelou a festa de réveillon e o prefeito de Londres afirmou que novas restrições serão inevitáveis. A preocupação é que essas restrições englobem cada vez mais países, afetando mais uma vez a economia global. Assim, os investidores recorreram ao dólar, tido como porto seguro.
Em suma, os operadores fogem de países arriscados, como o Brasil, e recorrem à moeda norte-americana. Foi isso que ocorreu no ano passado, quando o dólar chegou a R$ 5,8384 em 15 de maio. No dia, a saída do então ministro da Saúde, Nelson Teich, que havia assumido o cargo há menos de um mês, impulsionou o dólar. Já em março deste ano, a segunda onda da Covid-19 no país foi a razão para a divisa saltar.
Cenário doméstico também preocupa e fortalece dólar
Embora o cenário internacional tenha dominado o pregão desta segunda, fatores domésticos também repercutiram entre os investidores. Em síntese, o mercado repercutiu o adiamento da votação do Orçamento de 2022, prevista para ocorrer nesta segunda-feira.
Contudo, a Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional adiou a votação devido a impasses sobre a proposta. A saber, o texto precisa ser aprovado na comissão mista, para, em seguida, também ser aprovado em sessão conjunta do Congresso.
Por fim, o Banco Central também divulgou o Relatório Focus, que traz estimativas de mais de 100 instituições financeiras sobre indicadores econômicos do Brasil. Em resumo, os analistas projetam que a inflação encerrará o ano a 10,04%, superando em quase 5,0 pontos percentuais o limite superior definido para a taxa inflacionária do país neste ano (5,25%).
Ao mesmo tempo, os analistas reduziram pela décima semana seguida a estimativa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro neste ano, para 4,58%. Por outro lado, elevaram mais uma vez a projeção para o dólar, que deve encerrar o ano cotado a R$ 5,60. Para isso acontecer, a moeda ainda precisa cair 2,46%. Resta esperar para ver.