O dólar disparou 10,13% em junho, na comparação com maio, maior alta em mais de dois anos. A saber, a última vez que a moeda norte-americana havia subido tanto em um único mês foi em março de 2020 (+15,92%), mês da decretação da pandemia da covid-19. E isso aconteceu devido ao aumento das preocupações com uma possível recessão global.
Até o final de maio, o dólar vinha caindo significativamente e estava acumulando uma desvalorização de mais de 16% ante o real. Contudo, a chegada de junho mudou esse cenário e a divisa recuperou mais força que o esperado. Com isso, reverteu a queda no ano para 6,14%.
Em resumo, isso aconteceu devido ao aumento do pessimismo global. As projeções de uma nova recessão global em 2022 estão ganhando força, fazendo os investidores recorrerem a ativos seguros, beneficiando o dólar. Aliás, as preocupações só aumentam, uma vez que o planeta ainda estava se recuperando dos fortes impactos provocados pela covid-19.
Dólar mais alto encarece pão e combustíveis
Nem todos sabem, mas a alta do dólar afeta diretamente a vida de milhões de brasileiros. Em suma, a cotação internacional de bens e serviços se dá em dólar, ou seja, tudo que vier de fora do Brasil deverá ficar mais caro. Inclusive, diversos produtos consumidos diariamente vêm do exterior, e deverão ficar mais salgados para os brasileiros em julho.
Um dos principais exemplos é o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. A saber, entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior, o que indica que os produtos derivados do grão deverão ficar ainda mais caros no país. E ainda tem a guerra na Ucrânia, que também está pressionando a inflação global.
Da mesma forma, esse cenário afeta diretamente os combustíveis no país. A Petrobras elevou os preços do diesel e da gasolina há duas semanas, e os combustíveis mais caros não afetam apenas os motoristas, mas toda a população.
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