O dólar comercial está iniciando a semana mais caro. A moeda americana vem recebendo impulsos externos e internos nesta segunda-feira (8), que estão aumentando a sua apreciação ante o real. A saber, o estresse global com a elevação dos juros americanos vem marcando os pregões das últimas semanas, enquanto o avanço interno da pandemia da Covid-19 aumenta as incertezas.
Em resumo, os rendimentos dos Treasuries, os títulos do Tesouro dos EUA, vêm subindo há algumas semanas. No último dia 4, Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central americano, afirmou que a inflação provavelmente não irá subir nos próximos meses. Ele também destacou que essa alta dos rendimentos é temporária e que não alterará a política monetária do Fed, por isso os juros não devem subir, pelo menos não enquanto a economia dos Estados Unidos não mostrar fortes sinais de recuperação.
Essas falas não conseguiram acalmar os investidores, porque, nas últimas semanas, Powell fez diversas afirmações semelhantes. No entanto, apesar das repetidas declarações, os rendimentos dos Treasuries continuam subindo. Os investidores até esperavam por uma ação do Fed para tentar conter esse movimento, mas isso não aconteceu. A saber, há muita tensão por trás disso, porque a alta dos rendimentos atrai dinheiro para os títulos, em detrimento das ações que compõem as bolsas de valores, pois eles são menos arriscados.
Este sentimento de estresse global vem impulsionando o dólar, ainda mais somado a todos os riscos apresentados pelo Brasil. Por volta das 12h40, a moeda avançava 0,61%, cotada a R$ 5,7168. Na máxima do dia até o momento, chegou a R$ 5,7639.
Fatores internos impulsionam dólar
No cenário doméstico, o Banco Central divulgou as novas projeções de analistas do mercado financeiro em relação ao Brasil neste ano. A inflação emendou a oitava alta seguida, enquanto o ritmo de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro recuou. Já a estimativa para o dólar é que ele fique mais caro até o final de 2021.
Ao mesmo tempo, os mercados aguardam as definições sobre a PEC Emergencial, que deve passar por discussões amanhã (9) na Câmara dos Deputados. O dispositivo já foi aprovado em dois turnos no Senado Federal e aguarda votação, também em dois turnos, na Câmara. A PEC não é o auxílio em si, mas sim o dispositivo para que o auxílio volte.
Por fim, o texto mais enxuto agradou o mercado, mas não mudou a situação do Brasil, que vem sofrendo com elevação da dívida pública, principalmente para custear programas de enfrentamento à pandemia da Covid-19. Por falar nisso, o ritmo de vacinação segue a passos lentos. Em contrapartida, a pandemia avança mais a cada dia, com recordes de casos e mortes superados recorrentemente.
LEIA MAIS
Ibovespa opera em queda, puxado por riscos internos e estresse global
Inflação medida pelo IPC-S sobe na semana, puxada pela gasolina