Os atos de 7 de Setembro não ficarão limitados ao feriado de ontem. A saber, o mercado de câmbio reflete a tensão doméstica, que aumenta a cada nova declaração do presidente Jair Bolsonaro. Seus apoiadores aproveitaram o feriado da Independência do Brasil para defender pautas antidemocráticas, e tudo isso reflete na cotação do dólar.
No pregão desta quarta-feira (8), a moeda americana avançava 0,69% às 9h48, cotada a R$ 5,2118. Em resumo, as manifestações na véspera tomaram os noticiários nacionais e também repercutiram no exterior. E as falas de Bolsonaro aumentam a tensão entre os Três Poderes do país.
Durante os atos de 7 de Setembro, Bolsonaro voltou a atacar ministros do STF, bem como governadores e prefeitos. Além disso, o presidente também atacou o sistema eleitoral brasileiro e ameaçou mais uma vez a democracia, afirmando que não irá mais cumprir as decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
As ameaças de Bolsonaro foram novamente repudiadas por diversos governadores e parlamentares. Estudiosos afirmam que as pautas defendidas pelo presidente representam risco real à democracia do Brasil. Inclusive, as falas de Bolsonaro aumentaram o apoio de diversos setores ao impeachment do presidente.
Outros riscos internos seguem influenciando o dólar
Embora os atos de 7 de Setembro sejam os mais repercutidos no pregão de hoje, o mercado continua atento a todos os outros problemas do Brasil. Em resumo, a inflação continua bastante elevada e sem expectativa de recuo no curto prazo. Inclusive os analistas do mercado financeiro elevaram pela 22ª semana as projeções para a taxa em 2021, que chegou a 7,58%.
Ao mesmo tempo, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central terá uma nova reunião em 21 e 22 deste mês para definir a política monetária do país. A saber, a taxa básica de juros, a Selic, subiu nas últimas quatro reuniões do Copom, e analistas apontam que a taxa subirá mais 1,0 ponto percentual na próxima reunião.
Em suma, uma Selic mais elevada puxa consigo os juros praticados no país, servindo para desaquecer a economia. Assim, o brasileiro fica com o poder de compra cada vez mais reduzido. O objetivo da Selic mais alta é conter a chamada “inflação por demanda”, quando a busca por produtos e serviços está tão elevada que impulsiona os preços praticados no país.
No entanto, os riscos políticos, inflamados por Bolsonaro, ajudam a manter a inflação elevada. Aliás, os gastos federais também impulsionam a inflação, e o presidente pretende elevar em, pelo menos, 50% o valor médio do Bolsa Família. Isso mostra que o brasileiro continuará pagando caro para adquirir produtos e serviços, porque a inflação continuará alta pelos próximos meses.
Ao mesmo tempo, também pagará mais juros, pois a Selic também seguirá bastante alta para justamente tentar segurar a inflação. Ambos os lados puxam a corda, enquanto a população, literalmente no meio da corda, segue cada vez mais apertada.
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