Após encerrar a terceira semana consecutiva no azul, o dólar até poderia ter caído no pregão desta segunda-feira (23), mas isso não aconteceu. A cotação da moeda americana manteve estabilidade na sessão de hoje e encerrou o dia a R$ 5,3802. Seja como for, antes um resultado estável do que negativo.
Em resumo, o dia ficou marcado pelo otimismo do exterior. A saber, o dólar caiu 0,5% na comparação com uma cesta de pares. Essa é a maior queda diária desde o começo de maio, ou seja, em mais de três meses. No entanto, a situação do Brasil sempre se mostra mais complicada.
As notícias envolvendo a queda de casos da Covid-19 nos Estados Unidos impulsionou a busca aos ativos de risco nesta segunda. Ao mesmo tempo, a China afirmou ter zerado os casos de transmissão comunitária da Covid-19 no país. Para dar ainda mais forcinha ao otimismo externo, as commodities tiveram avanço firme, após dias de quedas.
Problemas domésticos impedem queda do dólar nesta segunda
Tudo isso poderia enfraquecer o dólar diante o real, mas os problemas internos não deixaram. O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que os excessos precisam de moderação para que o Brasil confirme a recuperação econômica “que está praticamente garantida”. Contudo, isso não fez os investidores apostarem no real.
Em suma, os desafios do país continuam elevados e sem perspectiva de melhora no curto prazo. Em primeiro lugar, a inflação continua escalando os níveis mais altos dos últimos anos. Para conter seu avanço, o Banco Central (BC) vem elevando a taxa básica de juros do Brasil, a Selic, desde o início do ano.
A saber, uma Selic mais alta puxa consigo os juros praticados no país. Com isso, reduz o poder de compra do brasileiro, desaquecendo a economia e impedindo que os preços dos produtos e serviços continuem a subir. Entretanto, o governo federal segue promovendo gastos atrás de gastos, o que impulsiona a inflação.
Em síntese, o presidente Jair Bolsonaro pretende elevar o valor médio do Bolsa Família em, pelo menos, 50%. Para isso, entregou à Câmara dos Deputados uma Medida Provisória que visa utilizar o dinheiro “economizado” dos precatórios para turbinar o programa assistencial. Nesse caso, o governo também enviou ao Congresso Nacional a PEC dos Precatórios, que pretende parcelar dívidas mais altas do poder público.
Por fim, a conta fica fácil: o governo está se endividando para aumentar o valor de um programa assistencial. O principal objetivo de Bolsonaro é aumentar os seus votos para as eleições do ano que vem. Contudo, a saúde fiscal do Brasil fica ainda mais debilitada. Nesse cenário, os investidores não sentem confiança em adquirir ativos de risco do país, e isso é bastante compreensível.
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