Pouca gente presta atenção nos noticiários quando se fala sobre o dólar. Contudo, a moeda norte-americana afeta a vida do brasileiro de um jeito bem mais intenso que muitos pensam. Na verdade, a recente valorização já causa preocupação entre os economistas, pois esse cenário deverá pressionar ainda mais a inflação no Brasil.
A saber, a inflação anual nos Estados Unidos chegou a 9,1% em junho, taxa mais alta em 40 anos e meio. Em resumo, uma taxa inflacionária elevada acaba pressionando o Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, a apertar a política monetária adotada no país.
Na verdade, a entidade financeira elevou a meta da taxa de juros de referência do país em 0,75 ponto percentual no mês passado, para o patamar de 1,5% a 1,75%. Essa foi a maior alta dos juros nos EUA desde 1994. E os dados inflacionários mostram que o Fed deverá elevar ainda mais os juros no país.
Em suma, uma taxa mais elevada de juros tende a reduzir o poder de compra do consumidor, desaquecendo a economia. Isso acontece porque a demanda se enfraquece, impedindo que os preços de bens e serviços subam fortemente no país.
Diante desse cenário, quem se beneficia é o dólar, pois os investidores passam a buscar títulos do Tesouro americano, considerados os ativos mais seguros do mundo. Em outras palavras, quanto mais altos os juros nos EUA, mais rentáveis ficam os ativos relacionados ao governo. Dessa forma, os investimentos estrangeiros tendem a crescer no país, fortalecendo o dólar.
Produtos importados devem ficar mais caros no Brasil
Quando a moeda norte-americana se valoriza, o principal impacto na vida da população brasileira é o aumento dos preços dos produtos importados. A saber, a cotação dos produtos estrangeiros é em dólar, ou seja, tudo que vier de fora deverá ficar mais caro com o dólar elevado.
Aliás, nem todos sabem, mas diversos produtos consumidos diariamente vêm do exterior. Um grande exemplo é o trigo, usado em pães, bolos, massas e biscoitos. Em síntese, entre 50% e 60% do trigo consumido no Brasil vem do exterior. Isso quer dizer que esses produtos deverão ficar ainda mais caros no país.
Além disso, o dólar mais alto também afeta os preços dos combustíveis, bem como da energia e dos alimentos. A propósito, os produtores de alimentos do país preferem exportar seus produtos em vez de comercializá-los no Brasil. Isso porque o dólar mais caro aumenta o rendimento deles.
Por fim, ainda há o temor da recessão econômica global, que continua ganhando força no mundo. Em síntese, as projeções pouco otimistas fazem os investidores recorrerem aos EUA, por ser a maior economia global. Isso quer dizer que o dinheiro em circulação em países emergentes, como o Brasil, tende a diminuir. E isso também deverá afetar negativamente a população do país.
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