A última vez que o dólar ficou mais barato foi no dia 21 deste mês, quando a moeda recuou 0,90%. À época, a divisa havia fechado o pregão cotada a R$ 5,2849. No entanto, nas últimas sete sessões, o dólar ficou mais caro em todas elas, inclusive nesta quinta (30), subindo 0,29% e cotado a R$ 5,4457.
Assim, a moeda norte-americana fechou setembro com uma valorização de 5,34% ante o real. Já na parcial de 2021, a alta acumulado é de 4,98%. Tudo isso é reflexo das incertezas domésticas, que não reduzem, e da maior cautela global, com preocupações em torno dos Estados Unidos e da China.
Em resumo, o mercado continua atento ao Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano. A entidade já sinalizou que os juros adotados nos EUA começarão a subir assim que os estímulos acabem de vez. E a expectativa é que isso aconteça em meados de 2022.
A saber, o Fed compra títulos públicos no valor de US$ 120 bilhões por mês desde março de 2020, mês da decretação da pandemia da Covid-19. Além disso, o banco vem adotando juros baixíssimos no país, entre 0% e 0,25%. Tudo para aquecer a economia, que sofria com a crise sanitária. No entanto, os indicadores econômicos do país estão cada vez mais positivos. Por isso, o Fed confirma que reduzirá “em breve” os estímulos na economia do país.
Cenário doméstico fortalece dólar
Vale ressaltar que o exterior impulsiona o dólar por si só. Quanto mais perto a redução dos estímulos, mais iminente está o possível estouro da bolha financeira criada nos EUA com os estímulos do Fed. E o temor do mercado é que isso tenha proporções maiores que o esperado.
Contudo, o Brasil é autossuficiente em produzir problemas. Aqui, a população sofre com inflação alta, taxa básica de juros subindo, crise hídrica e energética, combustível cada vez mais caro e reajustes salariais cada vez menores. Não é de se estranhar que o real apanhe tanto para o dólar.
Nesta quinta, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que o Brasil possuía 14,1 milhões de pessoas desempregadas entre maio e julho deste ano. Embora a taxa tenha caído, continua bastante elevada e preocupante.
Por fim, o Banco Central elevou suas projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2021, de 4,6% para 4,7%. Em contrapartida, indicou a forte desaceleração econômica do país em 2022, ano em que deve crescer apenas 2,1%. A saber, nem mesmo essa notícia mais positiva para o ano conseguiu fortalecer o real e enfraquecer o dólar.
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