Após repercussões negativas sobre as falas de Lula sobre a independência do Banco Central, o dólar fechou a semana em R$ 5,22, um patamar bem mais alto que o visto nos últimos dias. Isso porque a moeda americana chegou a ser cotada abaixo dos R$ 5, mas voltou aos patamares do início de janeiro nessa sexta-feira, 10.
Além disso, o índice de risco-Brasil, que mete o risco de calote pelo país, atingiu 228 pontos, contra os 247 registrados há 1 mês. Economistas dizem que as falas de Lula pesaram sobre a cotação, mas que a tendência ainda é de queda.
Dólar vai cair?
Alguns economistas dizem que o dólar está em tendência de queda e deve ficar abaixo dos R$ 5 durante o ano. Isso acontece por conta da alta taxa de juros do Brasil, algo também criticado pelo presidente. Por outro lado, a subida forte dessa semana, de 1,36%, foi sustentada pelas expectativas dos investidores e não tem relação com dados da economia.
Dessa forma, quem quiser comprar dólar pode esperar, segundo alguns economistas. Isso porque, com a moeda mais barata, é possível comprar mais, seja para viajar, seja para fazer compras internacionais. Contudo, é preciso lembrar que não há garantias de que a moeda vai cair, justamente pelo fato de que os preços futuros são imprevisíveis.
Por outro lado, alguns dados permitem inferir que a moeda deve cair. Em janeiro, os investidores estrangeiros aportaram R$ 1,3 bilhão na bolsa de valores, o que é um bom sinal. Além disso, a revista The Economist diz que o preço justo do dólar seria em torno dos R$ 5,17, um pouco acima do atual patamar.
Além disso, o dólar vem perdendo força em relação às moedas mundiais. Isso acontece por conta dos problemas da economia americana, que ainda pode entrar em recessão, mesmo com menores chances disso. O índice DXY, que mede a força da moeda americana em relação a outras moedas, teve uma leve queda durante a semana, mas ganhou força nessa sexta-feira.
Fim da independência do Banco Central assusta
Em falas do presidente Lula durante a semana, a independência do Banco Central vem sendo cada vez mais atacada pelo governo. Durante a nomeação de Aloizio Mercadante para o BNDES, o presidente fez novas acusações contra a entidade.
“É só ver a carta do Copom para a gente saber que é uma vergonha esse aumento de juros e a explicação que eles deram para a sociedade brasileira”, disse Lula, se referindo a uma nota onde o Banco Central explica o atual patamar dos juros. Com a Selic a 13,75%, o Brasil tem um dos maiores juros reais do mundo. Além disso, Lula já disse que a independência da autarquia é uma “bobagem” e também atacou a meta de inflação, que não é proposta pelo BC, mas que atua como o regulador das políticas da entidade.
Na prática, os ataques de Lula podem ter um efeito ruim. Ao tentar trazer o Banco Central para o governo, o mercado entende que há mais risco para o país. Com isso, aumenta as taxas de juros requeridas. Na prática, se o governo não respeitar essa taxa requerida pelos gestores e investidores internacionais, o Governo Federal pode ter dificuldades para pegar dinheiro emprestado para quitar suas dívidas, o que aumenta a inflação. Por conta do aumento da percepção de risco, o dólar sobe, o que explica as altas da semana.