O dólar comercial encerrou a primeira semana de agosto em alta. No último pregão desta semana, a moeda americana avançou 0,42% e fechou esta sexta-feira (6) cotada a R$ 5,2355. A saber, este é o maior valor da divisa desde o último dia 19 (R$ 5,2501).
Com o acréscimo do resultado desta sessão, o dólar acumulou avanço de 0,50% na semana e elevou sua valorização no ano para 0,93%. E o principal destaque, não só nesta sexta, mas em toda a semana, foi a tensão dos investidores com os riscos político e fiscal do Brasil.
Na última quarta-feira (4), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) elevou a taxa básica de juros do Brasil, a Selic. E isso aconteceu porque a inflação do país segue nas alturas. Embora os economistas já esperassem pelo aumento, a decisão não deixou de influenciar o mercado de câmbio.
Em resumo, a elevação da Taxa Selic possui o objetivo de segurar a inflação. Isso porque uma Selic mais alta provoca o desaquecimento da economia, pois eleva também os juros praticados no país. Assim, há limitação da oferta de crédito, visto que os juros cobrados ficam mais caros. Como a inflação representa o aumento dos preços dos produtos e serviços, ela tende a cair, pois as pessoas reduzem suas aquisições.
Além disso, uma Selic mais alta também torna a renda fixa mais atraente, em detrimento do mercado de ações. Isso é mais um fator para fazer os investidores venderem seus ativos de risco e buscarem a renda fixa. Contudo, nem esses fatos conseguiram segurar a alta do dólar.
Declarações de Bolsonaro pesam na cotação do dólar
No cenário doméstico, o presidente Jair Bolsonaro fez declarações na semana que preocuparam ainda mais o mercado. “O Bolsa Família está em R$ 192, vamos elevar no mínimo para R$ 300, podendo chegar a R$ 400”, afirmou em entrevista à “Rádio 96 Natal FM” do Rio Grande do Norte na última quinta (5).
Essa decisão não agrada o mercado, uma vez que o aumento dos gastos públicos também eleva a inflação. Isso quer dizer que a alta da Selic não deverá cessar tão cedo, ou seja, os brasileiros terão juros cada vez mais altos a pagar. Ao mesmo tempo, a inflação também não cairá, ainda mais com as ações de Bolsonaro. Assim, a população também pagará mais caro por produtos e serviços.
Isso sem contar que os investidores não sabem de onde o governo tirará dinheiro para turbinar o Bolsa Família. O programa deve ganhar um novo nome (Auxílio Brasil) e o medo do mercado é que haja calote dos precatórios. A saber, o ministro da Economia, Paulo Guedes, negou que os precatórios sofrerão calote. Mas o medo segue latente.
Por fim, em meio a tantas incertezas fiscais, o Brasil ainda passa por forte tensão política, envolvendo mais uma vez o presidente Bolsonaro. Em resumo, os recorrentes ataques a ministros do STF e ao sistema de votação eleitoral do país evidenciam o caos político atual.
Enquanto isso, a CPI da Covid, que investiga ações e omissões do governo no combate à pandemia, segue revelando que o governo federal está muito mais imerso em atos suspeitos do que se imaginava. É como dizem, o brasileiro pode morrer de tudo, menos de tédio.
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