O dólar encerrou o pregão desta quarta-feira (10) em leve alta de 0,05%, cotado a R$ 5,4996. No dia, a moeda norte-americana recebeu pressões de todos os lados, e a cautela dos investidores impediu uma variação mais expressiva da divisa. A saber, o dólar acumula uma valorização de 6,02% no ano ante o real.
Em resumo, todos os mercados do mundo ficaram atentos aos Estados Unidos e China. Isso porque as duas maiores economias do planeta revelaram dados econômicos importantes. Em primeiro lugar, a inflação nos EUA subiu mais do que o esperado em outubro e atingiu o maior patamar em 30 anos.
Da mesma forma, o Índice de Preços ao Produtor (PPI) da China passou a acumular uma forte alta de 13,5% em 12 meses, encerrados em outubro. A propósito, a principal razão para esse cenário é a crise energética que a China vem enfrentando, com as expressivas elevações nos preços do carvão, produto que alimenta as centrais de energia do país.
Dados internos também repercutem e influenciam dólar
No cenário doméstico, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou que a inflação no país disparou 1,25% em outubro. O valor é o mais alto para o mês desde 2002 (1,31%), e também superou as projeções de analistas (1,05%). Aliás, a variação acumulada em 12 meses atingiu 10,67%, maior nível para um intervalo de um ano desde janeiro de 2016 (10,71%).
Além disso, a Câmara dos Deputados aprovou nesta quarta a PEC dos Precatórios em 2º turno. Agora, o texto segue para o Senado, mas as preocupações estão mais presentes que nunca. Em suma, a proposta adia o pagamento dos precatórios (dívidas da União já reconhecidas pela Justiça) e altera o teto de gastos (regra que limita as despesas do governo à inflação de 12 meses).
Nesse caso, a PEC acaba abrindo um espaço orçamentário de mais de R$ 90 bilhões para o governo gastar em 2022, ano eleitoral. E boa parte desse montante seguirá para o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família.
Por fim, o cenário doméstico, apesar de bastante deteriorado, contribuiu para o enfraquecimento do dólar. Na verdade, quanto mais gastos públicos, maior a inflação do país e, consequentemente, maiores os juros básicos. Assim, o real acaba mais atrativo para os investidores, pois rende mais. Em contrapartida, o poder de compra do consumidor cai, enquanto as dificuldades só aumentam.
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