O dólar subiu 0,35% nesta quarta-feira (22) e fechou o pregão cotado a R$ 5,3036. A saber, a moeda norte-americana avançou num dia marcado pela atenção voltada para o exterior, com a reunião do Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, e um acordo da Evergrande.
Com isso, o dólar passa a acumular alta de 2,24% no ano ante o real. Aliás, o dia não ficou marcado apenas pelo cenário internacional. Os investidores também seguiram atentos para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros do Brasil, a Selic.
Em primeiro lugar, o Fed manter os juros estáveis entre 0% e 0,25%. No entanto, o banco sinalizou mais uma vez que a compra de títulos públicos, na ordem de US$ 120 bilhões, será reduzida “em breve”. A propósito, o Fed vem injetando estímulos na economia norte-americana desde março do ano passado, mês da decretação da pandemia da Covid-19.
Do exterior, outro destaque envolve a Evergrande, segunda maior companhia do setor imobiliário da China. Em resumo, a gigante chinesa possui a maior dívida de ativos do mundo, de US$ 300 bilhões. O risco de calote nos credores causou pânico na última segunda (20), com as bolsas mundiais afundando.
Contudo, nesta quarta, os investidores puderam respirar um pouco mais aliviados. Isso porque a Evergrande anunicou que pagaria ainda hoje os juros de uma dívida vencida. O acordo é pequeno na comparação com toda a dívida da companhia, e o risco de falência continua alto. Entretanto, esse pagamento acalmou os temores globais sobre o calote.
Cenário doméstico também influencia cotação do dólar
Ambas as notícias tendem a enfraquecer o dólar. De um lado, o Fed manteve a chuva de dólares e os juros baixíssimos, apesar de a decisão do banco só ter sido divulgada após o fechamento do pregão. Do outro, a Evergrande conseguiu reduzir as preocupações dos mercados, diminuindo também a busca por dólares, que acontece em momentos de maior incerteza e tensão.
Ao mesmo tempo, o mercado também ficou atento à reunião do Copom, que elevou em 1,0 ponto percentual a taxa Selic. Em suma, uma Selic mais alta beneficia aplicações em renda fixa, que tendem a render um pouco mais, ou seja, o dólar cai. Mas isso não aconteceu. Lembrando que a divulgação também ocorreu após o fechamento do pregão.
Por fim, os riscos internos continuam presentes na mente dos investidores. O Brasil enfrenta incertezas políticas, crise hídrica, inflação elevada, CPI da Covid e suspensão de exportações de carne bovina para China. Tudo isso mostra que o país precisa urgentemente voltar aos trilhos. E muitos escolhem pular desta locomotiva antes que o estrago seja ainda maior.
Leia Mais: Diretor-geral do ONS diz que não haverá racionamento de energia em 2021