O dólar comercial encerrou o pregão desta sexta-feira (5) subindo 0,39%. Assim, a divisa americana fechou o dia cotada a R$ 5,6820. Aliás, este é o maior patamar de fechamento desde 3 de novembro (R$ 5,7612), ou seja, quatro meses atrás. E isso aconteceu numa semana marcada, mais uma vez, pelo estresse global com a elevação dos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. Além disso, avaliações sobre os riscos fiscais e políticos do Brasil continuaram no radar dos investidores, bem como a PEC Emergencial.
Em resumo, a semana observou novamente a alta dos rendimentos dos Treasuries, os títulos norte-americanos. Na véspera (4), Jerome Powell, o presidente do Federal Reserve (Fed), o Banco Central dos EUA, afirmou que a inflação provavelmente não irá subir nos próximos meses. Ele também destacou que essa alta dos rendimentos era temporária e que não alteraria a política monetária do Fed. Assim, não haverá elevação dos juros, pelo menos não enquanto a economia dos Estados Unidos não mostrar fortes sinais de recuperação.
Essas falas não conseguiram acalmar os investidores, porque, nas últimas semanas, Powell fez diversas afirmações semelhantes. No entanto, apesar das repetidas declarações, os rendimentos dos Treasuries continuam subindo, enquanto os investidores esperavam por uma ação do Fed para tentar conter esse movimento. Isso porque a alta dos rendimentos atrai dinheiro para os títulos, em detrimento das ações que compõem as bolsas de valores, pois são menos arriscados.
Cenário doméstico impulsiona dólar
Já no âmbito interno, houve muita repercussão sobre a PEC Emergencial. A saber, essa Proposta de Emenda à Constituição (PEC) tem o objetivo de possibilitar o retorno de parcelas do Auxílio Emergencial. A PEC não é o auxílio em si, mas sim o dispositivo para que o auxílio volte.
Em geral, os economistas torcem pela aprovação do texto, que, por sinal, ficou mais enxuto e facilitou a votação da proposta. Por isso, a PEC já passou pela aprovação do Senado, em dois turnos, e agora segue para a Câmara dos Deputados. Ela também será submetida a dois turnos de votação, que devem ocorrer na próxima semana.
Por envolver despesas menores, o retorno do auxílio sob essas condições representa um leve respiro fiscal, mas ainda preocupa. Em suma, os investidores torciam para que houvesse respeito ao teto de gastos, tido como a âncora fiscal do país atualmente. Ao mesmo tempo, temiam o impacto que essas novas rodadas do benefício poderiam causar nos cofres públicos. E, claro, qual mágica precisaria ser feita para que as despesas coubessem dentro do teto de gastos, sem pedaladas fiscais ou excepcionalidades.
Agora, o texto mais enxuto parece ter agradado o mercado. Mas isso não muda a situação do Brasil, que vem sofrendo com elevação da dívida pública, principalmente para custear programas de enfrentamento à pandemia da Covid-19. Por falar nisso, o ritmo de vacinação segue a passos lentos. Em contrapartida, a pandemia avança mais a cada dia, com recordes de casos e mortes superados recorrentemente.
Por fim, vale destacar que a divulgação de dados financeiros do final de 2020 também impacta os pregões e a cotação do dólar.
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