Após despencar mais de 2% no último pregão de 2021, o dólar iniciou 2022 disparando 1,57% e recuperando a maior parte das perdas recentes. A saber, esse é o maior avanço diário da moeda norte-americana desde 21 de outubro (+1,90%). Com isso, a divisa fechou a sessão desta segunda-feira (3) cotada a R$ 5,6622.
Todos os fatos que ocorreram em 2021 fizeram o dólar acumular uma valorização de 7,47% ante o real. Em resumo, esse foi o quinto avanço anual consecutivo da moeda americana contra a brasileira. Aliás, muitos até acreditavam que o dólar perderia força no ano, visto que disparou 29,36% em 2020, mas isso não aconteceu.
No pregão desta segunda, o que mais fortaleceu a moeda americana foi o cenário externo. Um estudo dinamarquês afirmou que a variante Ômicron possui uma capacidade melhor de contornar a imunidade de pessoas vacinadas do que a Delta. Isso explicaria a alta transmissibilidade do vírus.
Em suma, a Ômicron já fez diversos países voltarem a adotar medidas restritivas para conter a sua disseminação. A propósito, houve quase 2 milhões de casos registrados apenas em 30 de dezembro. Inclusive, a primeira vez que o mundo teve mais de 1 milhão de casos em um único dia foi em 27 de dezembro. Isso mostra o quão transmissível é a Ômicron.
Cenário doméstico também influencia cotação do dólar
Além disso, o Banco Central (BC) divulgou nesta segunda o relatório Focus, que traz estimativas de mais de 100 instituições financeiras sobre a economia do Brasil. A saber, os analistas reduziram mais uma vez as projeções de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2022, para 0,36%.
Já em relação à inflação, os analistas estimam que a taxa ficará em 5,03% em 2022, superando a meta definida, de 3,50%. Por sua vez, a Taxa Selic, que representa os juros básicos do país, deve encerrar 2022 a 11,50% ao ano. E todos esses indicadores se relacionam diretamente.
Em síntese, o BC elevou a Selic sete vezes apenas em 2021 para tentar segurar o avanço da inflação. Com os juros mais elevados, o poder de compra do consumidor cai e desaquece a economia. Por isso que o PIB deve crescer tão pouco neste ano, isso sem contar todos os outros problemas, em especial o fiscal, enfrentados pelo Brasil.
Por fim, os analistas acreditam que o dólar encerrará o ano cotado a R$ 5,60. Caso os cenários doméstico e internacional continuem tensos, é bem provável que a moeda americana encerre o sexto ano consecutivo acumulando ganhos ante o real.
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