Após iniciar a semana em alta firme, o dólar comercial subiu ainda mais nesta terça-feira (19). A saber, a moeda norte-americana encerrou o pregão de hoje saltando 1,36%, para R$ 5,5944. Com isso, a divisa atingiu o maior patamar de fechamento desde 16 de abril (R$ 5,6241).
Nesta semana, o dólar já acumula forte avanço de 2,73%, enquanto salta 7,85% na parcial deste ano ante o real. Por sua vez, o dólar turismo foi negociado a R$ 5,8066. E tudo isso graças a informações sobre o possível anúncio do governo federal sobre o novo valor do Auxílio Brasil.
Em resumo, o programa assistencial vai substituir o Bolsa Família e entrará em vigor a partir de novembro. A ideia do governo é retirar a marca do Bolsa Família de circulação, bastante associada ao Partido dos Trabalhadores (PT). Assim, a expectativa é que Bolsonaro angarie mais votos com o Auxílio Brasil.
No entanto, esse cenário causa temor aos investidores. Em suma, há um problema estrutural nas contas públicas do Brasil. Nesse caso, o aumento do valor do novo benefício, para R$ 400, pode levar o país a ultrapassar o teto de gastos públicos, tido como âncora fiscal do Brasil.
Como as incertezas só aumentam, os investidores tendem a retirar os seus dólares do país. Dessa forma, com menos moeda americana em circulação, há uma desvalorização do real na comparação com o dólar. Ao mesmo tempo, a inflação continua crescendo, puxando consigo os juros e resultando num menor crescimento econômico do Brasil.
Veja o que mais impactou a cotação do dólar nesta terça
No pregão, o Banco Central (BC) até tentou evitar o resultado, mas não conseguiu. Em síntese, o BC realizou ofertas extraordinárias de US$ 500 milhões em contratos de swap cambial tradicional nesta terça. Contudo, a injeção no mercado de câmbio não fez os investidores buscarem o real. Vale ressaltar que o BC fez essa injeção de US$ 1 bilhão em cada um dos últimos quatro pregões.
Por fim, o BC também informou ontem (18) que os analistas do mercado financeiro elevaram pela 28ª semana consecutiva a projeção para a inflação do país em 2021. Em contrapartida, o Relatório Focus revelou que as instituições financeiras voltaram a reduzir as estimativas para o crescimento do PIB brasileiro neste ano. Já o dólar deve encerrar o ano a R$ 5,25, taxa bem menor que o patamar atual.
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