O dólar voltou a subir como não o fazia há anos. Na sexta-feira (22), a moeda norte-americana disparou 4,04% e fechou a semana cotada a R$ 4,8055. A saber, este é o maior avanço diário desde março de 2020, início da pandemia da Covid-19. Aliás, a última vez que a divisa havia fechado um pregão acima de R$ 4,80 foi em 24 de março, ou seja, há quase um mês.
Em resumo, o principal responsável pela disparada do dólar no pregão de ontem foi o presidente Jair Bolsonaro (PL). Em resumo, ele decidiu perdoar o deputado Daniel Silveira (PTB), condenado na última quarta-feira (20) a mais de oito anos de prisão por estimular atos antidemocráticos e ataques a ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Embora o tribunal tenha condenado o deputado, Bolsonaro surpreendeu a todos no dia seguinte à condenação. Em uma transmissão ao vivo no Youtube, o presidente da República revelou ter perdoado a pena do deputado e aliado Daniel Silveira. Inclusive, a decisão foi publicada no Diário Oficial da União em uma edição extra.
Cenário expõe crise institucional no país
De acordo com juristas, a decisão de Bolsonaro, antes mesmo do trânsito em julgado da sentença penal condenatória expõe a crise entre o Executivo e o Judiciário do país. Na verdade, a relação entre os Poderes vem se mostrando instável há bastante tempo, e a ação de Bolsonaro pode tornar intensificar a crise institucional.
Vale lembrar que o presidente da República afirmou em setembro do ano passado que não cumpriria mais decisões do ministro Alexandre de Morais, do STF. Em resposta a Bolsonaro, o presidente do STF, ministro Luiz Fux, afirmou à época que “ninguém fechará a Corte”. Tudo isso também fez o dólar disparar em setembro de 2021.
Especialistas também afirmam que a decisão do presidente da República piora a relação já desgastada entre o Executivo e o Judiciário do país. E isso ocorre em meio à inflação elevada e juros cada vez mais altos, que contribuem para a desaceleração econômica do Brasil.
A saber, o ex-presidente Michel Temer (MDB) pediu para que Bolsonaro revogasse o perdão ao deputado bolsonarista Daniel Silveira. Contudo, Bolsonaro disse que não acataria o conselho dado por Temer. Agora, as atenções estão voltadas para as principais instituições do país, enquanto as eleições presidenciais se aproximam cada vez mais.
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