O dólar comercial teve um dia de ajustes e encerrou esta terça-feira (17) com leve queda de 0,12%, cotado a R$ 5,2726. Com o resultado, a moeda americana agora tem alta de 1,21% em agosto e valorização de 1,65% na parcial de 2021 ante o real.
No dia, os investidores seguiram preocupados com o avanço da variante Delta do novo coronavírus. Em resumo, esta cepa é 50% mais transmissível que a variante responsável pela maioria dos casos no ano passado. Aliás, a Delta vem elevando os casos e mortes em todo o planeta há semanas.
Para conter a disseminação da variante mais transmissível já identificada do novo coronavírus, diversos países voltaram a adotar medidas restritivas. O resultado é uma desaceleração da recuperação da economia global. Nos Estados Unidos, as vendas no varejo caíram muito mais do que o esperado em julho. Já na China, a produção industrial e o varejo do país cresceram menos que o esperado também em julho.
Incertezas internas continuam fortalecendo dólar
Como se os problemas externos não fossem suficientes para a desvalorização do real ante o dólar, o cenário doméstico contribuiu fortemente com a alta da moeda americana. A começar pelo presidente Jair Bolsonaro, cuja equipe econômica, liderada pelo ministro Paulo Guedes, pretende usar os precatórios para financiar o novo e turbinado Bolsa Família. Aliás, o programa receberá o nome de Auxílio Brasil.
A propósito, a PEC dos precatórios seguiu para a Câmara na semana passada e consiste em parcelar grandes dívidas do governo para financiar o programa assistencial. O problema é que isso gerará um acúmulo de dívidas para os próximos anos, prejudicando ainda mais a saúde fiscal do país.
Além disso, a elevação dos gastos do governo federal ajudam a elevar a inflação do país, que segue nas alturas há meses. Para controlá-la, o Banco Central (BC) vem elevando a taxa básica de juros, a Selic, desde o início do ano. Isso quer dizer que os brasileiros pagarão mais caro pelos créditos adquiridos, ou seja, a elevação da Selic objetiva desaquecer a economia.
O que realmente importa nesse cenário é que o presidente Bolsonaro não sinaliza redução de custos no curto prazo. Pelo contrário, ele continuará disponibilizando recursos para tentar aumentar seu apoio eleitoral, uma vez que as eleições acontecem já no próximo ano. Assim, o BC continuará elevando a Selic, reduzindo cada vez mais o poder de compra do consumidor. O resultado dessa equação é um dos piores possíveis para o brasileiro.
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