O dólar comercial encerrou o último pregão da semana em alta de 0,41%, cotado a R$ 5,6476. Com o acréscimo desse resultado, a divisa agora acumula uma valorização de 8,8% no ano ante o real.
A saber, o avanço do dólar vem acontecendo desde setembro, mas foi em outubro que os riscos fiscais internos ficaram ainda mais em evidência. Aliás, nesta semana, o Banco Central (BC) aumentou o aperto monetário elevando os juros básicos do país para 7,75%. Esse é o maior patamar da Selic desde outubro de 2017.
E isso ocorreu, em grande parte, graças ao governo federal, que lançou o Auxílio Brasil, substituto do Bolsa Família. O programa entrará em vigor no país em novembro e disponibilizará R$ 400 aos beneficiários, mas isso apenas em dezembro, porque o governo ainda não encontrou meios de financiaro o programa.
E é nesse sentido que o mercado se preocupa. Em resumo, o aumento de gastos públicos eleva a inflação no país, que está cada vez mais elevada. O governo pretende pagar R$ 400 até dezembro de 2022, o que faz o mercado acreditar que a medida é para angariar votos para o presidente Jair Bolsonaro nas eleições presidenciais do ano que vem.
Veja como a alta da Selic impactou o dólar
O problema nesse cenário é que a inflação do país fica ainda mais elevada. Isso quer dizer que os preços dos produtos sobem mais fortemente ao passar do tempo. Por isso, o BC eleva a Selic, visto que ela é o principal instrumento da entidade para conter a elevação da inflação no país.
Quando a Selic fica mais alta, ela puxa consigo os juros praticados no Brasil. Assim, reduz o poder de compra do consumidor e desaquece a economia, diminuindo consequentemente a “inflação por demanda”. Contudo, há outros fatores que impulsionam a inflação, como os gastos públicos e o próprio avanço do dólar.
Ao considerar apenas a decisão do BC, que ocorreu na última quarta (27), o dólar até poderia cair, mas não foi isso o que aconteceu. Contudo, os riscos fiscais do Brasil preocupam demais os investidores. Em síntese, o mercado teme que a elevação dos gastos públicos impossibilite o governo de pagar suas dívidas, ou seja, que o governo dê calote nos credores.
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