Segundo a Pesquisa Perfil do Consumidor, elaborada pela Boa Vista, 43% dos consumidores brasileiros tiveram suas dívidas aumentadas no segundo semestre do 2022. Para o mesmo período de 2021, a alta no valor das dívidas haviam atingido 33% e, no primeiro semestre de 2022, em 40%.
Entre os pesquisados, aqueles que se consideram muito endividados foram 42% contra os 32% avaliados no mesmo período de 2021 e 37% no primeiro semestre de 2022. Além disso, 7 entre cada 10 pesquisados possuem mais que três contas em atraso, superior aos 63% do primeiro semestre e os 62% no mesmo período de 2021. Ao todo, 87% dos pesquisados estão com o nome negativado há mais de 90 dias.
Praticamente 7 entre cada 10 dos inadimplentes se encontram nas classes D e E, onde 85% são economicamente ativos e 35% possuem entre 18 e 30, sendo a maior parte dessas pessoas mulheres (56%). Ainda, segundo a pesquisa, o desemprego (30%) é o principal motivador dos pesquisados não terem pago suas dívidas, seguido da diminuição de renda (26%).
“Apesar do desemprego ter sido citado como a principal causa da inadimplência, de modo geral, o mercado de trabalho melhorou pouco a pouco no 2º semestre de 2022. Segundos os últimos dados divulgados pelo IBGE, em novembro de 2022 a taxa de desemprego estava na marca de 8,1%. Um ano antes, em novembro de 2021, a taxa era de 11,6%. Nesse intervalo de 12 meses, de acordo com o órgão, pouco mais de 4,8 milhões de empregos foram gerados”, afirmou Flavio Calife, economista da Boa Vista.
Programa Desenrola Brasil irá desafogar brasileiros das dívidas
Ainda neste mês, o governo federal deverá lançar o programa Desenrola Brasil, uma promessa de campanha do presidente Lula. O objetivo do programa é diminuir o número de famílias que estejam com o “nome sujo”. Micro e pequenas empresas também serão beneficiadas pelo programa.
Nesse sentido, o ministro Wellington Dias afirmou que existe a possibilidade de criar uma linha específica para brasileiros que estão com dívidas do consignado do Auxílio Brasil, contudo, esta modalidade, bem como outras, deverão ser lançadas após o início do programa. “A proposta do Desenrola tem por objetivo cuidar de cerca de 80 milhões de pessoas no Brasil que estão endividadas, que estão em situação de inadimplência”, afirmou Wellington Dias.
Conforme foi dito anteriormente, a perspectiva é que o programa seja lançado até o fim do mês, conforme já foi divulgado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Nesta semana, o ministro irá apresentar o desenho e estrutura do programa ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A expectativa do governo federal é que, colocando milhões brasileiros em dia com suas dívidas, estes possam ser ter acesso novamente a crédito no mercado, aumentando o mercado de consumo.
O Desenrola também irá envolver dívidas com bancos e outras instituições financeiras. Para viabilizar o programa, o governo federal deverá usar uma ferramenta do Banco Central, chamada de depósitos compulsórios e, com isso, conseguirá garantir descontos, novos prazos e valores renegociados para os brasileiros endividados que possuam interesse em quitar suas dívidas, sejam elas contas de cartão de crédito, cheque especial ou crédito pessoal.