Os preços do petróleo já acumulam uma disparada superior a 30% neste ano. Aliás, o barril do petróleo Brent, referência internacional, atingiu o maior valor desde maio de 2019, ou seja, há quase dois anos que a commodity não ficava tão cara assim. E isso é reflexo direto da decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (Opep +) de manter o corte da produção da commodity.
Em resumo, a Opep+ vem segurando a produção de petróleo desde janeiro. Isso significa dizer que grandes produtores estão controlando o bombeamento da commodity de acordo com os seus compromissos. Em fevereiro, ocorreram algumas reuniões dos membros da Opep+, que decidiram permanecer com os cortes de produção. Aliás, essa decisão ocorreu mesmo com o fato de os preços do petróleo já terem atingido, à época, o valor visto anteriormente à pandemia da Covid-19. Dessa forma, os preços da commodity acabam impulsionados, visto que há menos oferta.
E isso não parou por aí. Em nova reunião, na semana passada, houve a confirmação da permanência do corte de produção. Assim, os preços do barril estão bem próximos aos US$ 70 dólares. E isso abre um precedente perigoso, que pode implicar num entrave à recuperação da economia global.
Temores com aumento da inflação preocupam mercados
Toda essa situação é resultado direto ou indireto da pandemia da Covid-19. A crise sanitária provocou diversos impactos negativos nos países em 2020, e o continua fazendo neste ano. A saber, os Estados Unidos estão prestes a aprovar um plano de estímulos fiscais de US$ 1,9 trilhão. Isso sem contar em todo o dinheiro liberado pelas economias globais para enfrentamento à pandemia. O resultado de tanta moeda em circulação é um superaquecimento da economia e uma futura disparada da inflação.
Nesse contexto, a alta dos preços do petróleo é importante, mas não tanto quanto a causa em si dessa elevação. Em suma, os recentes aumentos dos custos de energia são reflexo da forte demanda e, normalmente, indicam um crescimento sólido da economia. Contudo, não é isso que está acontecendo no mundo. Ao mesmo tempo, os preços sobem, puxados pela oferta limitada, o que pode pesar na recuperação global.
“Como contexto, a carga global do petróleo ultrapassou pela última vez a média de longo prazo em 2005, mas, com o cenário de forte crescimento global, as economias foram capazes de suportar o impacto da alta dos preços do petróleo até 2007, quando a expansão mundial já perdia força e, ainda assim, as cotações do petróleo subiam rapidamente”, afirmaram economistas da empresa global de serviços financeiros, Morgan Stanley.
Por fim, para entender melhor o dilema desta situação, os economistas afirmam que esses expressivos aumentos dos preços do petróleo irão refletir nas tarifas de transporte e serviços públicos. Dessa forma, haverá uma pressão nos bancos centrais, que podem limitar o apoio à economia. E, apesar de parecer piada, ressaltam que o alto desemprego irá compensar as pressões inflacionárias. Isso mostra que dados negativos continuarão usados para amenizar outros pontos ainda piores.
LEIA MAIS
Economia brasileira tende a sofrer turbulência até 2022, diz economista