Lauricio Monteiro Cruz não é mais diretor de Imunização e Doenças Transmissíveis da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde. O desligamento do executivo aconteceu nesta quinta-feira (08) após a exoneração de Lauricio, assinada pelo ministro chefe da Casa Civil, Luiz Eduardo Ramos, ser publicada no “Diário Oficial da União” (DOU).
De acordo com as informações, foi de Lauricio o aval para que o referendo Amilton Gomes de Paula, que fundou a Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários (Senah), com sede em Brasília, pudesse negociar 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca em nome do governo brasileiro com a empresa americana Davati Medical Supply.
Segundo e-mails obtidos pelo “Jornal Nacional”, da “TV Globo”, Lauricio, no dia 23 de fevereiro, enviou uma mensagem para Amilton com uma “lista de presença e carta de proposta para fornecimento”. Ainda conforme a matéria do jornal, a mensagem começava com agradecimentos à Senah na disposição da secretaria em “colaborar” com a compra dos imunizantes.
“Inicialmente agradecemos a disponibilidade da Senah, representada por sua pessoa (…) Na apresentação da proposta comercial para fornecimento de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca”, escreveu no e-mail Lauricio, que ainda completou dizendo que “todos os processos de aquisição de vacinas no âmbito do Ministério da Saúde estão sendo direcionados pela Secretaria Executiva”.
Alguns dias depois, conforme publicou o Brasil123, Amilton publicou uma foto de uma reunião no ministério na qual Lauricio aparece. Na postagem, o reverendo voltou a afirmar que a “Senah faz reunião no ministério para articulação mundial em busca de vacinas e para a consecução de uma grande quantidade dos imunizantes a ser disponibilizada no Brasil”.
Referendo foi convocado à CPI para explicar sobre vacinas
Lauricio foi exonerado do cargo. Já Amilton foi convocado para dar explicações sobre o caso das vacinas aos senadores que compõem a CPI da Covid-19. Isso porque, na quarta-feira (07), a alta cúpula da Comissão aprovou um pedido para que o referendo preste depoimento ao colegiado.
De acordo com o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), vice-presidente da CPI da Covid-19, o valor das vacinas negociadas era de US$ 11, três vezes mais do que o Ministério da Saúde pagou em janeiro a um laboratório indiano.
“O valor também é bem maior do que o mencionado pelo policial militar Luiz Paulo Dominguetti, que se identifica como intermediário entre a Davati e o Ministério da Saúde na mesma negociação de 400 milhões de doses. Ele informou que o valor da vacina vendida era de US$ 3,50”, argumentou Randolfe ao defender a convocação do referendo.
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