Nas últimas semanas, tem havido uma crise institucional entre o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) e a Polícia Federal (PF). Essa desavença ganhou novas capítulos nesta segunda-feira (08) depois que o novo ministro-chefe do GSI, general Marcos Antonio Amaro, sinalizou que o órgão deve retomar o controle sobre a segurança imediata do presidente.
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Assim como publicou o Brasil123, Marcos Amaro assumiu o cargo na semana passada após a saída de Gonçalves Dias, demitido depois de imagens terem mostrado ele no Congresso Nacional no dia 08 de janeiro, data em que apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
Também nesta segunda, ao comentar sobre a declaração do novo chefe do GSI, o Diretor-Geral da PF, Andrei Rodrigues, defendeu, em entrevista ao canal “CNN Brasil”, que a competência sobre a segurança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) deve permanecer sob o comando da corporação.
Atualmente, além da segurança do presidente da República, cabe à Polícia Federal resguardar pela integridade do vice-presidente e seus familiares – essa função é designada à Secretaria Extraordinária de Segurança Imediata da PF, coordenada pelo delegado Alexsander Oliveira.
“Hoje, o êxito de uma operação de segurança passa necessariamente pela integração e coordenação entre várias agências, respeitando suas competências legais. É assim que funciona em todas as democracias, que atribuem funções de segurança para as instituições policiais”, disse Andrei Rodrigues.
Segundo a “CNN Brasil”, a informação é que, internamente, policiais federais demonstram insatisfação com as falas de Marcos Amaro. A reação, segundo o canal, pode levar os policiais a abandonarem a atribuição, mesmo depois de investimentos do governo na formação de novos servidores – hoje, mais de 300 policiais estão em treinamento ou aptos a exercerem a função.
“Seria um retrocesso, um inaceitável. Sairiam todos os policiais federais”, afirmou ao canal já citado uma fonte que preferiu não revelar o seu nome. Ainda segundo a emissora, outro ponto de atenção seria a intenção do novo GSI em trazer de volta para o ministério a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), que atualmente está no guarda-chuva da Casa Civil — essa possível mudança é resultado do aumento de desconfiança com o gabinete após os ataques de 08 de janeiro.
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