Números do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados nesta sexta-feira (06), mostram que o Brasil registrou, no período de agosto de 2020 a julho de 2021, o segundo pior ano de desmatamento na Amazônia na série histórica recente, perdendo apenas para o mesmo intervalo de tempo de 2019/20.
Segundo os dados do Inpe, foram derrubados cerca de 8.712 km² de floresta na temporada 20/21, o que representa uma queda de aproximadamente 5% em relação aos 9.216 km² do mesmo período anterior, em um histórico que teve início em 2015.
Conforme aponta o Instituto, é importante ressaltar que os números de julho ainda não estão consolidados, visto que o último dia do mês em questão ainda não foi incluído no sistema do Inpe. Todavia, a inclusão, segundo o órgão, dificilmente trará grandes alterações no cenário.
De acordo com o Inpe, os números divulgados pelo Instituto fazem parte de um sistema chamado Deter, que tem como intuito auxiliar nas políticas de controle de desmatamento. Todavia, esses dados também podem ser usados para observar as tendências de crescimento ou redução do desmate durante o ciclo.
Políticas continuam inalteradas
Segundo os dados do Inpe, apesar dos níveis elevados do desmatamento, as ações na área ambiental geridas pela gestão do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não foram alteradas do ano passado para cá.
Desde que assumiu a presidência, Bolsonaro entregou o combate ao desmatamento da Amazônia às Forças Armadas, que é quem gerencia o programa Operação Verde Brasil.
Todavia, de acordo com especialistas ouvidos pelo jornal “Folha de São Paulo”, a medida não é bem vista, pois, além de ter um alto custo, tem mostrado uma baixa efetividade, considerada as elevadas taxas de destruição do bioma.
No entanto, mesmo sem mostrar sinais relevantes de queda no desmatamento, visto que os dados estão perto dos números mais altos, Bolsonaro prorrogou a gestão das Forças Armadas na Operação Verde Brasil.
Desmatamento e a falta de atenção
Desde que assumiu a presidência, o chefe do Executivo tem mostrado sinais claros que não está muito preocupado com o desmatamento na Amazônia. Prova disso foi a manutenção por tanto tempo do ex-ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles no cargo.
Salles só foi destituído de sua cadeira no fim de junho deste ano, após o Supremo Tribunal Federal (STF) ter instaurado um inquérito contra o ministro por conta de uma operação da Polícia Federal (PF) que apontou um suposto favorecimento a empresários do setor de madeiras com o intuito de regularizar cargas apreendidas no exterior.
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