Apesar de comporem o grupo menos afetado pela pandemia da Covid-19, especialmente se tratando de casos graves e mortalidade, as crianças na faixa etária de 0 a 6 anos foram expressivamente afetadas pela pandemia da Covid-19 em vários setores. Pelo menos, foi a essa conclusão a qual os participantes de uma audiência pública realizada pela Comissão Externa sobre Políticas para a Primeira Infância chegaram.
O debate aconteceu nesta segunda-feira, 18, com o objetivo de abordar o cenário real da primeira infância no país. Segundo o diretor de políticas e direitos das crianças do Instituto Alana, Pedro Hartung, explicou que as decisões políticas tomadas durante a pandemia tiveram um impacto mais profundo sobre as crianças. Ele mencionou a situação de um país que registrou dez vezes mais mortes de bebês por Covid-19 do que nos Estados Unidos da América (EUA).
Na oportunidade, também foi declarado que mais de 12 mil crianças brasileiras ficaram órfãs em virtude da pandemia. Outro fator se refere ao agravo da insegurança alimentar e de fome nas famílias, deixando sequelas no desenvolvimento infantil. Hartung diz que é preciso se atentar a quem cuida das crianças, sobretudo, as mães, que também têm sofrido os impactos da pandemia da Covid-19.
“A gente sabe que o desemprego cresceu, principalmente entre mulheres. Além disso, houve sobrecarga de tarefas domésticas para as mães que mantiveram seus empregos e puderam ficar em home office”, comentou. “Por isso que a gente tem de falar que cuidar de crianças no Brasil é cuidar especialmente de mulheres mães”, declarou.
O diretor também citou a necessidade de pensar no espaço e nas crianças da vivência. Para ele, a crise ambiental também é uma crise de direitos da criança, sobretudo, na primeira infância. A oficial de desenvolvimento da primeira infância do Unicef, Maíra Souza, contou que a entidade firmou uma parceria com o Ibope e o Instituto de Pesquisas Cananéia (Ipec), para promover três etapas de pesquisas sobre os impactos da pandemia sobre a infância.
Desta forma, foi possível observar que 63% da população entrevistada está entre os que possuem crianças ou adolescentes de 0 a 17 anos em sua composição escolar. Esse percentual faz parte do público que teve um decréscimo na renda familiar durante a crise sanitária; em quando 6% declararam que deixaram de comer porque não tinham mais dinheiro. É importante explicar que a primeira infância é uma população gigantesca, composta por cerca de 20,6 milhões de crianças.
Já houve mais de uma evidência de que a pandemia da Covid-19 teve repercussão a curto e longo prazo no bem-estar e no desenvolvimento das crianças desde a gestação. “Elas são e foram as mais afetadas pelos impactos secundários, tanto pela interrupção dos serviços como na educação infantil, como na saúde materna, que acabaram colocando a vida das crianças em risco”, contou. Maíra finalizou informando que 41% dos pais ou responsáveis notaram mudanças no comportamento de crianças de 0 a 6 anos.