Nesta semana, o IBGE divulgou dados sobre o desemprego no país. De acordo com a instituição, a taxa de desemprego chegou a 9,8% ao fim deste primeiro semestre, sendo a menor taxa para o período desde 2015. O número surpreendeu especialistas, que esperavam que a taxa de desemprego se mantivesse entre 10,2% e 10,5%.
A queda na taxa de desemprego reflete algumas medidas que o governo tem estabelecido em tentativa de aquecer a economia. Contudo, existem alguns pontos que devem ser levados em consideração em relação à diminuição do desemprego, principalmente no cenário atual de alta da inflação.
Medidas do governo contribuíram para diminuição do desemprego
Nos últimos meses, o governo tem liberado uma série de estímulos buscando fazer a economia girar, entre eles, a liberação do FGTS, adiantamento do décimo terceiro e o aumento do valor do Auxílio Brasil. Com mais dinheiro circulando no país, a demanda por produtos e serviços também aumentaram.
Com o aumento da demanda, passou a ser necessário que mais postos de trabalho fossem ofertados para que tal demanda fosse suprida por parte das empresas, o que reduziu a taxa de desemprego. Os números atuais já são bem melhores que antes do início da pandemia, mostrando que a economia está sendo retomada.
No entanto, esse aquecimento foi proporcionado por intervenções do governo e isso tem um custo claro na vida dos trabalhadores, que é o aumento da inflação e, consequentemente, na taxa básica de juros, a Selic.
Taxa de desemprego cai, mas a inflação continua alta
Embora tenham sido gerados mais postos de trabalho, a renda do trabalhador brasileiro está cada vez mais deteriorada pela alta inflação no país. Isso tem dificultado principalmente a vida dos mais pobres, dado que o salário médio do brasileiro não acompanha a alta da inflação.
Além disso, o governo também aprovou uma nova PEC que libera R$41 bilhões em recursos para a população mais pobre e algumas categorias profissionais. Como não há qualquer fonte para subsidiar a medida, a PEC representará em maior aumento do endividamento do governo, pressionando a inflação e o aumento da taxa de juros.
Por fim, com o aumento do endividamento do país, investidores estão preocupados com o risco fiscal. Isso já reflete diretamente na cotação do dólar, que, após a aprovação da PEC dos Combustíveis, tem subido fortemente, indicando uma possível fuga de capital estrangeiro do país. O aumento do dólar também pressiona o aumento da inflação.
Conclusão
Sendo assim, o governo brasileiro tem uma difícil missão de estimular a economia e diminuir a taxa de desemprego sem pressionar o aumento da inflação no país. Embora o primeiro semestre tenha sido positivo em relação à redução da taxa de desemprego, as perspectivas para o segundo semestre ainda são bastante incertas, principalmente ao levar em conta o cenário macroeconômico e proximidade com as eleições.
Além disso, deve ser observado que 40% dos trabalhadores estão na informalidade, o que expõe a população a um maior risco de desemprego em caso de piora da situação econômica do país.