O índice de desemprego no país cresceu em 16 das 27 unidades federativas no primeiro trimestre de 2023, conforme a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) Contínua Trimestral, anunciada nesta quinta-feira (18) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Nos outros estados, o índice se manteve constante.
De acordo com o IBGE, o acréscimo da desocupação e a redução da ocupação, de modo simultâneo, provocaram o aumento da taxa de desocupação nas grandes regiões. Os estados com as maiores taxas de desemprego foram Bahia (14,4%), Pernambuco (14,1%) e Amapá (12,2%). No outro extremo estão Rondônia (3,2%), Santa Catarina (3,8%) e Mato Grosso (4,5%).
“Após um ano de 2022 de recuperação do mercado de trabalho pós-pandemia, em 2023, parece que o movimento sazonal de aumento da desocupação no começo do ano está voltando ao padrão da série histórica”, apontou a analista da PNAD, Alessandra Brito.
A taxa média de desemprego no país foi de 8,8% no 1º trimestre deste ano. Cresceu 0,9 p.p. em relação ao 4º trimestre de 2022 (7,9%) e diminuiu 2,4 p.p. em comparação com o mesmo trimestre do ano anterior (11,1%). O desemprego subiu entre todas as faixas etárias de janeiro a março em relação a outubro a dezembro. A maior elevação foi entre os jovens de 14 a 17 anos: o percentual passou de 29% para 33,1%.
“Esse movimento de retração da ocupação e expansão da procura por trabalho é observado em todos os primeiros trimestres da pesquisa, com exceção do ano de 2022, que foi marcado pela recuperação pós-pandemia” apontou Adriana Beringuy, coordenadora de Trabalho e Rendimento do IBGE. Ainda, segundo ela, “esse resultado do primeiro trimestre pode indicar que o mercado de trabalho está recuperando seus padrões de sazonalidade, após dois anos de movimento atípicos”.
Além do desemprego, PNAD apontou dados sobre renda dos trabalhadores
O valor habitual real mensal médio permaneceu em R$ 2.880, sem alteração em comparação ao trimestre anterior (R$ 2.861) e com crescimento em relação ao mesmo trimestre de 2022 (R$ 2.682). A região Nordeste (R$ 1.979) foi a única que teve um aumento significativo do valor no quarto trimestre de 2022, enquanto as outras não registraram mudança.
Já na comparação com o primeiro trimestre de 2022, todas as regiões tiveram expansão do valor médio. O rendimento total médio mensal real de todos os trabalhos permaneceu em R$ 277,2 bilhões, sem variação em relação ao trimestre anterior (R$ 279,5 bilhões). Por fim, em comparação ao mesmo período de 2022 (R$ 250,2 bilhões), houve um crescimento do rendimento total do valor.
Desemprego é maior entre mulheres e negros
De acordo com a PNAD, a taxa de desemprego entre as mulheres ficou em 10,8%, enquanto entre os homens foi de apenas 7,2%. “A taxa das mulheres é 50% maior do que a dos homens. Mas a gente vê que houve um aumento da taxa tanto para mulheres quanto para homens”, apontou a pesquisadora Alessandra.
Por outro lado, no recorte por cor ou raça, o IBGE apontou que a taxa de desocupação neste primeiro trimestre deste ano era de 11,3% entre aqueles que autodeclaravam pretos, 10,1% entre pardos e 6,8% entre brancos. “A maior taxa de desocupação entre mulheres e entre pessoas de cor preta e parda é um padrão estrutural do Brasil, que a pesquisa acaba refletindo. Essas populações também estão sobrerrepresentadas na informalidade, se comparadas aos homens e às pessoas de cor branca”, apontou Alessandra.