A Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (04), contando com apoio de partidos da base governista e da oposição, um requerimento de urgência para a votação de um projeto que tem como intuito proibir que sejam feitas novas edições da Bíblia.
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A aprovação do requerimento de urgência teve um placar de 358 votos a favor e 32 contra. Com isso, agora, o tema poderá ser discutido no plenário da Câmara, sem a necessidade de passar pelas comissões temáticas na Casa.
Para parlamentares do PSOL e também do Novo, o requerimento de urgência pode abrir um “precedente perigoso” no Congresso, que estaria legislando a respeito de texto religioso. Por conta disso, as duas legendas votaram contra a iniciativa.
O projeto, que é de autoria do deputado Pastor Isidório (Avante), propõem que sejam proibidas “qualquer alteração, edição ou adição aos textos da Bíblia Sagrada, composta pelo Antigo e pelo Novo Testamento em seus capítulos ou versículos”. De acordo com o criador do texto, as alterações na redação da Bíblia são “flagrantemente uma intolerância religiosa” e também uma “grande ofensa para a maioria dos brasileiros, independente da sua religião”.
O projeto foi proposto ainda em 2019. Na ocasião, o deputado, conhecido na Câmara por sempre circular pelas dependências da Casa com uma bíblia na mão, protocolou o texto querendo transformar a Bíblia em “Patrimônio Nacional, Cultural e Imaterial do Brasil e da Humanidade”.
Oposição e aliados votaram a favor da urgência
O requerimento de urgência aprovado na Câmara foi votado tanto por deputados do Centrão, que apoia o presidente Jair Bolsonaro (PL), quanto por partidos de oposição. De acordo com informações da “TV Globo”, essa aprovação não dá a garantia de que o tema seja, de fato, votado imediatamente.
Durante a votação, a deputada federal Benedita da Silva (PT) defendeu o requerimento de urgência da proposta em nome do PT, afirmando que sigla entende “que a nossa Constituição já nos garante que as nossas organizações, religiosas ou não, têm o seu estatuto e que ela possa, evidentemente dentro do seu regimento interno, conduzir o seu público”. “Ela, a Bíblia, não deve ser alterada porque ela é uma palavra milenar”, disse a parlamentar.
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