Após três meses de início do seu primeiro mandato como presidente da República, o chefe do Executivo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) viu surgir o primeiro pedido de impeachment contra ele. A informação foi revelada nesta quinta-feira (30) pelo jornalista Caio Junqueira, do canal “CNN Brasil”.
De acordo com o comunicador, 33 parlamentares assinaram e apresentaram na Câmara o pedido. Esses deputados fazem parte da bancada do Partido Liberal (PL), que na Casa é liderado por Luiz Philipe Orleans Bragança, deputado por São Paulo. Esse pedido foi protocolado no dia em que ex-chefe do Executivo Jair Bolsonaro, que é filiado ao partido e deve ser anunciado como presidente de honra da sigla, chegou ao Brasil após três meses de estadia nos Estados Unidos.
Segundo o jornalista da “CNN Brasil”, a intenção dos integrantes do PL é fazer com que o pedido contra Lula seja um “superpedido” que inclui episódios registrados nesses primeiros 90 dias de gestão. Um desses episódios foi relatado recentemente, quando Lula insinuou que o plano do Primeiro Comando da Capital (PCC) de matar o ex-juiz federal e hoje senador Sergio Moro era, na realidade, uma “armação”.
“No contexto de reiteradas falas sobre desejo de vingança aos integrantes da Lava Jato, o presidente da República flagrantemente faltou com a verdade e produziu uma ‘fake news’ de efeitos extremamente danosos às instituições, afirmando que o atentado contra Moro e seus familiares seria uma armação do próprio Moro. Em seguida, o presidente debochou da ameaça séria à vida de famílias inocentes”, afirmam os deputados no pedido.
Dentre os parlamentares que assinaram o pedido estão alguns que ficaram famosos nos últimos tempos por sua forte oposição a Lula como, por exemplo, Nikolas Ferreira (PL), Deltan Dallagnol (Podemos) e Bia Kicis (PL) – o pedido feito pelos políticos dependem do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
Esses parlamentares acusam Lula de ter cometido crime de responsabilidade e ingovernabilidade por incapacidade do petista de “aglutinar coesão em torno de um plano nacional no Congresso”. Por ingovernabilidade, entende-se uma situação onde o político estaria causando maior instabilidade do que um pedido de impeachment.
Para os deputados, essa ingovernabilidade está sendo apresentada em várias conjunturas políticas como econômica, financeira e social. Entre os exemplos, eles citam os supostos ataques de Lula contra a autonomia do Banco Central. Além disso, eles afirmam que, em menos de 100 dias de governo, “há pelo menos quatro ministros acusados de cometerem improbidade e violação de regras constitucionais”.
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