Na última terça-feira (6), o deputado estadual bolsonarista Goiás Amauri Ribeiro (União Brasil), afirmou que “também deveria estar preso” por ter financiado acampamentos bolsonaristas após o resultado das eleições presidenciais. A declaração do deputado Amauri foi dada na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), em um momento que o mesmo defendia a liberdade do coronel Benito Franco, preso pela Polícia Federal (PF) em abril deste ano durante a operação que vem investigando os atos golpistas. Franco comentou a Rotam entre janeiro de 2019 e agosto de 2021.
“A prisão do coronel Franco é um tapa na cara de cada cidadão de bem neste estado. Foi preso sem motivo algum, sem ter feito nada. Eu também deveria estar preso. Eu ajudei a bancar quem estava lá. Pode me prender, eu sou um bandido, eu sou um terrorista, eu sou um canalha, na visão de vocês. Eu ajudei, levei comida, levei água e dei dinheiro”, disse o deputado estadual.
Amauri também defendeu o financiamento aos acampamentos montados por apoiadores do ex-presidente da República, Jair Bolsonaro. As instalações foram montadas perto de unidades militares em diversos estados do país. “Respondendo à sua pergunta, o dinheiro não veio de fora. Veio de gente que acredita nesta nação”, afirmou Amauri, ao se responder o também deputado estadual Mauro Rubem (PT-GO).
Deputado Amauri recua em sua fala no dia seguinte
Após ter afirmado que deveria ter sido preso por financiar acampamentos bolsonaristas, no dia seguinte, o deputado Goiás Amauri Ribeiro afirmou que foi mal interpretado. “A imprensa foi lá e distorceu, levando para o 8 de janeiro, dizendo que eu assumi e patrocinei. Isso é vergonhoso e absurdo”, disse o deputado. Ele afirmou que “não seria idiota de falar um absurdo desses”, rechaçando qualquer relação com os atos golpistas de 8 de janeiro.
“Não da para falar que não é de 8 de janeiro, assim como não dá para falar que é. Mas é preferível falar que é. A única falha minha ontem (terça-feira) foi que não falei ‘na porta do quartel’. Aproveitaram minha fala para direcionar como se fosse o 8 de janeiro”, disse o deputado Goiás Amauri.
Segundo o deputado, o apoio foi cessado antes do dia 31 de dezembro. “Nós saímos das portas dos quartéis antes do dia 31 de dezembro. Saímos e fomos embora para casa, não participamos mais. Não tínhamos conhecimento do que iria acontecer em Brasília. E, se tivéssemos, não teríamos participado”, completou. A expectativa é que o deputado seja repreendido pelo seu partido (União Brasil). “Fomos surpreendidos com essa inominável declaração”, afirmou Bivar, presidente do partido. “O União repudia veementemente qualquer ato ou manifestação que agrida a democracia”, completou
A Polícia Federal vem investigando os financiadores dos atos golpistas, até o momento, já foram apreendidas inclusive armas na casa de um dos investigados. Na casa de outro investigado em Bauru, interior paulista, foram apreendidos R$48.850 e US$142.600, o que equivale a R$704.444 mil. Uma CPMI no Congresso e uma CPI na Câmara Distrital, em Brasília, também irão investigar os ataques antidemocráticos.