A deputada estadual Mônica Seixas (Psol) afirmou neste domingo (22) que vai pedir a cassação do colega Wellington Moura (Republicanos) que, na última quarta-feira (18), disse que iria colocar um cabresto em sua boca durante uma sessão da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
“Vou colocar um cabresto na sua boca”, disse Wellington Moura, fazendo alusão ao equipamento que costuma ser usado na boca de cavalos. Na sequência, a parlamentar disse que o deputado não iria “calar” sua boca. “vou sim”, respondeu ele.
De acordo com a parlamentar, que diz que vai entrar com um pedido no Conselho de Ética da Alesp solicitando que Wellington Moura perca o mandato, o deputado atingiu sua dignidade da forma mais “vil e cruel” possível.
“Houve ofensa à dignidade e decoro contra mim da forma mais vil e cruel, que é utilizando uma ferramenta que pessoas negras escravizadas eram submetidas para que se calassem e servissem ao escravocrata”, disse ela.
Segundo a deputada, ela também vai pedir a cassação de Gilmaci Santos (Republicanos), parlamentar que, um dia antes, havia a chamado de “louca” e a agredido no momento em que ela denunciava falas transfóbicas de um terceiro parlamentar, Douglas Garcia (PTB).
Por conta dos acontecimentos, Wellington Moura divulgou uma nota afirmando que sua fala foi tirada de contexto. “Me utilizei da palavra cabresto no contexto de dizer: algo que controla, contendo então as palavras dela na qual se utilizava para se manifestar ao deputado Douglas Garcia em um momento em que ela não poderia se manifestar por questões regimentais”, disse ele.
Já o parlamentar Gilmaci Santos confessou que, de fato, chamou mesmo a deputada de “louca”. “Nós estávamos no Plenário em um debate acalorado, e no meio da discussão eu realmente disse ‘você é louca’, mas no contexto ali da situação”, disse ele, que negou, porém, que tenha agredido a colega, dizendo ainda que vai denunciá-la por difamação.
“Em momento algum encostei na deputada Mônica Seixas, a agredi. Isso é uma inverdade! Vamos acionar a Justiça com uma representação civil e criminal contra ela, por injúria, difamação e mentira”, afirmou ele.
Deputada fala em violência e machismo constantes
Por fim, a deputada ainda relata que os episódios de machismo e violência têm sido comuns nos parlamentos, não só de São Paulo, como também em outros locais brasileiros. “Noto que a gente vem enfrentando vários eventos, inclusive o que aconteceu comigo na Assembleia Legislativa de São Paulo é grave justamente porque não é um caso isolado”, conta.
Nesse sentido, explica, é preciso dar nomes aos agressores para que eles sejam punidos e os casos sejam investigados da maneira correta. “Isso precisa ser nomeado até porque outros atores têm que ser envolvidos. Acho que é tarefa do Ministério Público Eleitoral intervir para a proteção de nós mulheres parlamentares”, afirma.
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