O deputado federal Loester Trutis (PSL-MS) foi denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) pela Procuradoria-Geral da República, que o acusa de comunicação falsa de crime, porte ilegal de arma de fogo e disparo de arma de fogo. De acordo com o órgão, o parlamentar é suspeito de ter forjado um atentado contra si mesmo.
Em nota, ao anunciar a denúncia, a PGR informou que o deputado está sendo investigado desde o ano passado, quando ele afirmou ter sido vítima de uma “emboscada” na rodovia BR-060, entre Sidrolândia e Campo Grande, ambas cidades localizadas no Mato Grosso do Sul.
Na ocasião, o veículo dirigido pelo assessor do deputado foi atingido por tiros nos vidros traseiros e na lateral. À época, Loester Trutir foi às redes sociais e publicou as imagens do ataque. Além disso, ele foi até à Superintendência da Polícia Federal (PF) e, por lá, formalizou a denúncia de suposta tentativa de homicídio.
De vítima à investigado
O deputado, que foi eleito em 2018, quando surgiu com propostas conservadoras e ideias que iam ao encontro das do presidente da república, Jair Bolsonaro (sem partido), como aumentar o armamento da população, passou de vítima à investigado no caso do ataque.
Isso porque, de acordo com a PGR, não existiu ataque, muito menos crime. “O que de fato ocorreu foi uma verdadeira simulação de tentativa de homicídio, na qual o parlamentar (A) e seu assessor (B), portando irregularmente arma de fogo de uso permitido, efetuaram disparos em via pública (estrada vicinal adjacente à Rodovia BR, 060) contra o veículo”, afirmou o vice-procurador-geral da República, Humberto Jacques de Medeiros.
Ainda de acordo com ele, o parlamentar e seu assessor “tiveram protagonismo na empreitada criminosa e concorreram igualmente para a prática dos delitos”. Em outro momento, o procurador afirmou que o deputado ainda tentou explorar politicamente o fato, pois realizou inúmeras publicações levantando a bandeira do armamento após o suposto ataque.
“Assim, considerando que o porte de arma é uma pauta política defendida intensamente pelo deputado Loester Trutis, o parlamentar, ao noticiar o episódio, atribui ao porte de arma a ausência de lesões e, até mesmo, o escape da ‘morte’; e, ainda, ele aduz ter sido ‘vítima’ em razão de embates políticos no Estado de representação, vislumbra-se a conexão dos fatos apurados com a atividade parlamentar”, escreveu Humberto Medeiros ao STF.
Deputado nega acusação
Em nota, a defesa do deputado negou que o ataque tenha sido forjado. Em outro momento, o parlamentar afirma que está sendo “vítima de um refinado conluio de autoridades locais, que induziram o PGR e a ministra ao erro”.
Por fim, ele ainda diz que espera que as provas apresentadas por ele sejam analisadas fora do Mato Grosso do Sul e que os “atos ilícitos dessa investigação sejam finalmente demonstrados”. Importante destacar que, caso a acusação da PGR seja recebida pelo STF, Loester Trutis passará ao posto de réu.
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