Para aliados do ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL), seu depoimento à Polícia Federal (PF) será uma grande oportunidade para que ele consiga reduzir o desgaste por conta do escândalo das joias vindas da Arábia Saudita. De acordo com o jornalista Valdo Cruz, do canal “Globo News”, aliados avaliam que ainda falta Bolsonaro colocar na rua a sua versão sobre o ocorrido.
Segundo o comunicador, um dos aliados de Bolsonaro ouvidos afirmou que, por conta da ciência de que sua posição é necessária, a chance de Bolsonaro ficar em silêncio durante a oitiva é “zero”. Ainda conforme esse aliado, a estratégia de Bolsonaro será dizer que os itens reunidos durante o mandato estão à disposição para auditoria e que ele devolverá tudo o que eventualmente for solicitado.
Hoje, aliados do ex-presidente avaliam que o depoimento, marcado para acontecer nesta quinta-feira (05), será a chance de Bolsonaro expor o entendimento de que havia controvérsia sobre o que poderia ser classificado como bem de “caráter personalíssimo”. Conforme a legislação, os presidentes precisam encaminhar ao acervo público os presentes que sejam de baixo valor e de “caráter personalíssimo”.
Segundo Valdo Cruz, alguns aliados próximos de Bolsonaro avaliam que o escândalo das joias, que assim como publicado pelo Brasil123, foi revelado pelo jornal “O Estado de S.Paulo”, acabou se tornando, além de um problema jurídico, uma questão política, visto que o caso é de fácil entendimento pela população porque envolve joias e valores elevados.
Na segunda-feira (03), a defesa de Bolsonaro entregou a uma Agência da Caixa um pacote com joias que estava em uma fazenda que pertence ao ex-piloto de Fórmula 1 Nelson Piquet. Além deste pacote, existiram outros dois com joias vindos da Arábia Saudita e endereçados a Bolsonaro e sua esposa, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro.
O primeiro tinha um colar de diamantes, brincos e um relógio feminino e foi apreendido em outubro de 2021, junto com o então assessor do ministro das Minas e Energia, Marcos Soeiro. Já o segundo pacote, que continha um relógio masculino, caneta e abotoaduras, entrou no Brasil na bagagem do então ministro Bento Albuquerque, na mesma viagem. Como não foi retido pela Receita, esses itens foram entregues para Bolsonaro. Essas joias foram entregues após uma ordem do Tribunal de Contas da União (TCU), que entende que, ao deixar o cargo, um presidente da República não pode levar consigo bens de valor elevado.
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