A cúpula que cuida da campanha que tem como foco a reeleição do presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), acredita que as denúncias de assédio sexual na Caixa Econômica Federal, que culminaram no pedido de demissão do até então presidente da instituição financeira, Pedro Guimarães, não devem tirar votos do chefe do Executivo.
No entanto, de acordo com informações publicadas pelo jornalista Valdo Cruz, da “Globo News”, as denúncias devem dificultar a conquista de novos eleitores, principalmente entre as mulheres. De acordo com aliados, que defendiam a demissão imediata de Pedro Guimarães, que acabou pedindo para sair, essa seria uma oportunidade para que Bolsonaro melhorasse sua imagem junto ao eleitorado feminino, que tem uma forte rejeição ao presidente.
Segundo esses aliados, além da demissão, Bolsonaro deveria ter se posicionando publicamente em defesa das funcionárias da Caixa, mesmo com a ressalva de que Pedro Guimarães tem o seu direito de defesa. Todavia, o que se tem visto é o contrário. Isso porque, além de ter esperado o até então presidente pedir para sair, Bolsonaro ainda sequer mencionou o fato.
O máximo que o chefe do Executivo fez foi aceitar o pedido de demissão de Pedro Guimarães, que divulgou uma carta se defendendo e dizendo que as acusações são falsas. De acordo com Valdo Cruz, a avaliação é que, com o silêncio, Bolsonaro mostra que a ala ideológica, que apoia o presidente da Caixa, que sempre se colocou em defesa das teses defendidas pelos bolsonaristas, venceu.
Na avaliação do Centrão, grupo que apoia Bolsonaro politicamente, é um erro o presidente optar pela sua ala ideológica. Isso porque, de fato, os eleitores fieis não irão abandoná-lo nem mesmo por conta do silêncio sobre as acusações de assédio sexual.
No entanto, isso acaba fazendo com que o presidente fique preso em sua bolha, o que dificulta a conquista de novos apoios, principalmente entre as mulheres. Conforme apontam as pesquisas recentes, caso não consiga ampliar sua intenção de voto, Bolsonaro pode ir até para o segundo turno, mas não ganha a eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Valdo Cruz conta que integrantes da ala ideológica saem em defesa de Bolsonaro com o argumento de que ele não é acusado, mas sim o ex-presidente da Caixa e, por isso, não pode ser penalizado por causa do episódio. Em contrapartida, a ala política argumenta que uma posição firme do chefe do Executivo seria uma oportunidade para amenizar essa avaliação negativa do público feminino.
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