A demanda nacional por voos no Brasil apresentou um resultado firme em abril. De acordo com dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), a demanda medida por passageiros por quilômetros pagos transportados (RPK, na sigla em inglês) caiu 9,9% em relação ao mesmo mês de 2019.
A saber, a comparação com dados anteriores à pandemia da covid-19, decretada em março de 2020, traz resultados mais concretos. Aliás, a queda foi vista como sinal de recuperação, visto que, em março, o recuo foi de 9,6%. Ambas as taxas mostram recuperação do setor, uma vez que a queda da demanda em fevereiro, na comparação com o mesmo mês de 2019, chegou a 17%.
Por sua vez, a oferta, medida pelo indicador assento por quilômetro oferecido (ASK, também na sigla em inglês), caiu 5,8% nessa base comparativa. Em março, a taxa havia ficado em 7,8%, indicando recuperação do setor aéreo.
Alta temporada aumenta otimismo
Em resumo, a expectativa do setor aéreo é de taxas ainda melhores nos próximos meses com a alta temporada. Na metade do ano, as férias escolares ajudam a impulsionar a demanda por passagens aéreas. Inclusive, a Latam e a Azul já estão bem próximas dos níveis anteriores à pandemia. Já a Gol têm aumentando gradativamente a oferta de assentos.
A propósito, estas três empresas têm participações bastante semelhantes no mercado nacional. Em suma, a Latam permaneceu na liderança em abril, respondendo por 34,5% de participação no setor aéreo. Em seguida, ficaram a Gol (32,8%) e a Azul (32,3%), bem próximas à Latam.
Aumento dos preços das passagens por segurar demanda
Embora o setor aéreo esteja otimista com a alta temporada, o eventual aumento das passagens pode limitar a demanda. A saber, a Petrobras promoveu um novo reajuste sobre o querosene de aviação (QAV) nesta semana, de 11%, em relação a maio. No acumulado do ano, o QAV já registra uma disparada de mais de 60%, segundo a estatal.
Em síntese, a guerra na Ucrânia vem pressionando a Petrobras, que já elevou duas vezes os preços do QAV para as refinarias neste ano. Estas, por sua vez, também se viram obrigadas a aumentar os valores do combustível para as empresas de aviação. E o preço final sempre cai na conta do consumidor, que paga passagens mais caras.
Segundo dados do IBGE, as passagens de avião dispararam 18,40% apenas em maio. Já no acumulado dos últimos 12 meses, o item teve um salto de 89,19%, ou seja, o brasileiro está pagando caro para viajar de avião. E os preços devem subir ainda mais nos próximos dias.
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