Chefe do inquérito que apura o suposto tráfico de influência no Ministério da Educação e Cultura (MEC), o delegado Bruno Calandrini foi exonerado nesta terça-feira (28) do setor da Polícia Federal (PF) responsável pelas investigações de autoridades que tem foro privilegiado.
A informação foi divulgada pela Polícia Federal, que além de afirmar que o delegado vai continuar à frente das investigações sobre suspeitas fraudes no MEC, disse que foi o próprio servidor público federal que pediu para sair do cargo que ocupava na Coordenação de Inquérito nos Tribunais Superiores.
De acordo com a Polícia Federal, agora, Bruno Calandrini será o responsável por coordenar a Unidade Especial de Investigação de Crimes Cibernéticos “presidindo trabalhos investigativos sensíveis daquela unidade”.
Delegado falou em interferência na investigação
Recentemente, assim como publicou o Brasil123, surgiu a notícia de que o delegado havia denunciado a colegas da Polícia Federal que a investigação que culminou na prisão de Milton Ribeiro e demais suspeitos no escândalo do MEC havia sofrido uma interferência.
De acordo com o delegado, houve uma “decisão superior” para que Milton Ribeiro não fosse transferido para Brasília, conforme determinação judicial emitida na quarta-feira (22) por um juiz federal. Em uma mensagem enviada a colegas, ele disse que, por conta de uma “decisão superior”, deixou de ter “autonomia investigativa e administrativa para conduzir o Inquérito Policial deste caso com independência e segurança institucional”.
“Falei isso ao Chefe do CINQ [Coordenação de Inquérito nos Tribunais Superiores, da Polícia Federal] ontem, após saber que, por decisão superior, não iria haver o deslocamento de Milton Ribeiro para Brasília e manterei a postura de que a investigação foi obstaculizada ao se escolher pela não transferência de Milton a Brasília à revelia da decisão judicial”, escreveu o delegado na mensagem.
Ainda na conversa, ele relatou que o ex-ministro teve acesso a “honrarias não existentes na lei”. “O principal alvo, em São Paulo, foi tratado com honrarias não existentes na lei, apesar do empenho operacional da equipe de Santos que realizou a captura de Milton Ribeiro, e estava orientada, por este subscritor, a escoltar o preso até o aeroporto em São Paulo para viagem a Brasília”, escreveu o delegado.
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