Jair Bolsonaro (PL), presidente da república, afirmou na noite desta quinta-feira (07), durante sua tradicional live, que a licitação para ônibus escolares, suspensa essa semana pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por suspeita de sobrepreço no edital, deveria ocorrer de qualquer forma.
“Deixa acontecer a licitação? Por que não deixou acontecer?”, disse Bolsonaro, relatando ainda que está torcendo para que a licitação seja reaberta pelo Tribunal e que, assim, seja possível ver “o que vai acontecer, para ver o preço de cada ônibus”. “Esperar acontecer para a gente comentar sobre isso daí”, disse o presidente.
Assim como divulgou o Brasil123, o processo de homologação era para a compra de até 3.850 ônibus escolares pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), que é Ministério da Educação (MEC).
Na tentativa de salvar o pregão, o FNDE baixou o valor máximo para adquirir os ônibus e, agora, esse montante ficou em R$ 1,5 bilhão — antes podia ficar até R$ 2,045 bilhões.
Segundo o jornal o “Estado de S. Paulo”, a oferta já começou. Sendo assim, as propostas dos fornecedores interessados podem ser enviadas, mas as demais etapas não podem ser concluídas. Isso, até que as investigações sejam finalizadas.
Não há justificativa para os preços
De acordo com relatórios técnicos feitos pelo TCU, a pedido do próprio FNDE, não há justificativa para os valores, “que se encontram, em média, 54% acima dos valores estimados”.
Influência do centrão no FNDE
Segundo o “Estado de S. Paulo”, o FNDE é mais um órgão influenciado pelas ordens do centrão, que hoje faz parte da base de apoio do governo de Bolsonaro. Isso porque o órgão é comandado por Marcelo Ponte, ex-chefe de gabinete de Ciro Nogueira, ministro da Casa Civil e líder o grupo.
Após o começo do processo licitatório, Ciro Nogueira fez postagens em suas redes sociais destacando a compra dos ônibus, em especial as referentes ao seu estado, o Piauí.
De acordo com o “Estado de S. Paulo”, a influência do centrão não para por aí, pois os documentos mostram que a definição dos preços dos veículos teve uma influência direta de Garigham Amarante, diretor do FNDE, indicado pelo PL, partido que integra o centrão e o qual Bolsonaro é hoje filiado
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