Enquanto muitos países estão lutando para diminuir a inflação, a economia da China registrou uma deflação, a primeira em mais de dois anos. Essa queda dos preços, notada no mês de julho, pode impactar em outros países ao redor do mundo. De acordo com números publicados pelo governo chinês, o índice oficial de preços ao consumidor, uma medida de inflação, caiu 0,3% no mês passado em relação ao mesmo período do ano anterior.
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Nesta quinta-feira (10), uma matéria do site “BBC Brasil” mostrou que, para analistas, essa queda na inflação do país asiático acaba aumento a pressão sobre o governo chinês para a reativação da demanda na segunda maior economia do mundo. Segundo a publicação, o cenário de deflação segue a divulgação de índices baixos de importação e exportação – esses índices levantaram questões sobre o ritmo da recuperação pós-pandêmica da China. Além disso, o país também está lidando com a crescente dívida do governo e com desafios no mercado imobiliário.
“O desemprego entre os mais jovens, que está em um nível recorde, também está sendo monitorado de perto, já que 11,58 milhões de recém-formados na universidade devem entrar no mercado de trabalho chinês este ano”, destacou em entrevista ao portal citado Daniel Murray, da empresa de investimentos EFG Asset Management. Ainda conforme ele, a queda dos preços torna mais difícil para a China reduzir sua dívida e, consequentemente, superar todos os desafios decorrentes da deflação, como uma taxa de crescimento mais lenta, disseram analistas.
“Não há receita secreta que possa ser aplicada para elevar a inflação”, afirma Daniel Murray, que ainda sugere uma “mistura simples de mais gastos do governo e impostos mais baixos, juntamente com uma política monetária mais fácil”. De acordo com o especialista, a deflação na China é um problema porque o país produz uma grande proporção dos bens vendidos em todo o mundo e, nesse sentido, um potencial impacto positivo de um período prolongado de deflação no país pode ser a contenção do aumento dos preços em outras partes do mundo.
Todavia, caso os produtos chineses com preços reduzidos se espalharem pelos mercados globais, isso poderá ter um impacto negativo sobre os fabricantes de outros países. Além disso, um período de queda de preços na China também pode afetar os lucros das empresas e os gastos do consumidor, o que impacta no aumento do desemprego.
“Isso poderia resultar em uma queda na demanda do país – o maior mercado mundial – por energia, matérias-primas e alimentos, o que afetaria as exportações globais”, explica Daniel Murray, que lembra que a economia da China já enfrenta outros obstáculos e está, hoje, ainda se recuperando do impacto da pandemia em um ritmo mais lento do que o esperado.
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