Nos últimos dias, especialistas têm discutido sobre a possibilidade de haver uma deflação no país. De acordo com eles, o IPCA deve ser puxado para baixo em julho e agosto devido à redução nos preços dos combustíveis, devido à promulgação da lei que fixou a alíquota de ICMS , bem como da tarifa de energia, após determinação da Aneel.
A deflação geralmente acontece quando existe uma queda generalizada nos preços de bens e serviços. Um dos principais motivos em relação a isso é o excesso de oferta frente à demanda, causando a diminuição dos preços na busca pelo estímulo do consumo. Contudo, a situação atual não está relacionada a este motivo, mas sim com a redução de impostos sobre combustíveis e tarifas energéticas.
Com isso, para julho e agosto, casas de análise estão prevendo um recuo de -0,58% para julho e -0,04% para agosto, que só não foi maior devido à aceleração do dólar nas últimas semanas. A última vez que vimos uma deflação no país foi em 2020, na época mais restritiva da covid-19, quando houve forte queda no consumo, havendo um excesso generalizado da oferta de produtos e serviços.
No entanto, a deflação deve se limitar somente nestes meses, dado que a política fiscal não tem contribuído para maior desaceleração no IPCA. Por exemplo, o aumento do pagamento no Auxílio Brasil irá aumentar o rendimento das famílias por algum tempo, mantendo a demanda aquecida por algum tempo, o que irá elevar a inflação.
Como a queda nos combustíveis e da energia puxaram a deflação?
O preço dos combustíveis afeta diversos itens da cesta de itens que compõem a inflação, assim como da tarifa de energia. Por exemplo, em habitação, houve desaceleração no aluguel residencial, taxa de água, esgoto e gás encanado, mas a queda da tarifa energética reduziu ainda mais os preços relacionados à habitação.
Por outro lado, em transportes, a queda na gasolina e no diesel tem efeito claro para provocar deflação. Também deveremos ver impacto nos alimentos, dado que o custo de transporte sofrerá diminuição neste período.
Expectativa de redução no preço petróleo
Nas últimas semanas, o preço do petróleo tem sofrido forte queda, atingido patamares anteriores à guerra entre Ucrânia e Rússia e existem alguns motivos para que novas quedas continuem a acontecer.
Um dos motivos é a volta do fornecimento de petróleo por parte de Líbia e Rússia, aumentando a oferta mundial, com isso, a oferta e demanda de petróleo passará a ter uma melhor conciliação nos próximos meses.
Além disso, os Estados Unidos divulgaram, nesta última quarta-feira, um aumento de 3,5 milhões de barris em seu estoque de petróleo. Os dados divulgados foram maiores que o esperado, diminuindo a preocupação com a oferta do óleo. Por fim, a Gazprom também retomou o fornecimento de gás natural para a Europa através do Nord Stream 1, responsável por mais de um terço das exportações de gás para a União Europeia.
Com novas possibilidades de redução no petróleo mais a frente, poderemos ver uma desaceleração nos índices inflacionários tanto aqui no Brasil quanto em todo o mundo, dado que ele possui forte impacto sobre outros itens da cesta de inflação.