A diminuição da inflação (deflação) em junho destacou-se, principalmente, por um retrocesso de 1,85% nos preços dos combustíveis. Isso englobou quedas no óleo diesel (-6,68%), etanol (-5,11%), gás veicular (-2,77%) e gasolina (-1,14%). Esse decréscimo é resultado do corte de preços que a Petrobras anunciou em junho. Essa foi a segunda vez que a empresa realizou um corte desde que declarou uma mudança na política de preços, em meados de maio.
Na sequência dessa mudança, a Petrobras desistiu do chamado Preço de Paridade de Importação (PPI). Desde 2016, o PPI vinha vinculando o valor dos combustíveis no mercado interno à variação do petróleo no exterior e do câmbio. Agora, a estatal passou a considerar outros fatores na formação dos preços.
Descontos em carros e preços dos alimentos impulsionam deflação em junho
O programa do governo federal de descontos para carros populares, que começou em 6 de junho e terminou na última sexta-feira (7/7), contribuiu significativamente para o aumento da deflação no mês. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), o período constatou a comercialização de 125 mil carros com descontos variando entre R$ 2 mil e R$ 8 mil.
Como resultado, os preços de carros novos no IPCA de junho caíram 2,76%, conforme indicado pelo IBGE, enquanto os preços dos carros usados diminuíram 0,93%. Além disso, a alimentação domiciliar (-1,07%) também se destacou no mês, com decréscimos nos preços do óleo de soja (-8,96%), frutas (-3,38%), leite longa vida (-2,68%) e carnes (-2,10%). As carnes, consideradas vilãs da inflação nos últimos anos, já acumulam queda de 5,89% nos preços em 2023.
Expectativas para a inflação nos próximos meses
Embora junho tenha trazido a deflação, os economistas preveem que essa tendência será breve. Eles esperam que o IPCA comece a registrar variações positivas de agosto até o fim do ano. Julho ainda pode ter um resultado próximo de zero, ou até ligeiramente negativo, conforme previsto pelos economistas da Ativa e da Warren Rena, graças a uma combinação de fatores.
A partir deste mês, a total reoneração do PIS/Cofins para a gasolina e o etanol entra em vigor, depois do corte de impostos que o governo de Jair Bolsonaro (PL) realizou às vésperas da eleição de 2022 e que a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) manteve nos primeiros meses de seu governo.
Contudo, o impacto da reoneração foi parcialmente neutralizado por outro corte de preços de combustíveis da Petrobras, de R$ 0,14 por litro de gasolina, que se tornou efetivo em 1º de julho. Os preços dos alimentos devem continuar em queda este mês, enquanto as contas de luz dos consumidores ficarão momentaneamente mais baratas devido ao “Bônus de Itaipu”.
No entanto, esse alívio nas contas de luz será de curta duração, e a queda nos preços dos alimentos deve diminuir a partir de agosto. Com isso, prevê-se que a deflação acabe e o IPCA retorne ao território positivo entre agosto e dezembro. A taxa acumulada em 12 meses, que atingiu 3,16% em junho, deve voltar a crescer até o fim do ano.