A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), de acordo uma matéria publicada neste domingo (07) pelo canal “CNN Brasil”, considera que a estratégia de tentar responsabilizar o tenente-coronel Mauro Cid pelo suposto esquema de fraudes em registros de vacinação contra a Covid-19 não tem sido suficiente para evitar implicações jurídicas contra o ex-chefe do Executivo.
Segundo a defesa de Bolsonaro, os advogados pretendem explorar tanto a falta de uma atuação direta do ex-presidente no escândalo das vacinas quanto a ausência de uma comprovação de que o esquema partiu de uma ordem de comando do ex-presidente.
Hoje, a avaliação de dirigentes do partido é que a retórica de que Mauro Cid, que atuava como ajudante de ordens de Bolsonaro, teria atuado à revelia do presidente, é pouco convincente. Isso, sobretudo diante da relação pessoal de que a dupla teria estabelecido nos quatro anos de mandato.
Por conta disso, informou a “CNN Brasil”, a estratégia defendida pela defesa de Bolsonaro é priorizar critérios técnicos em vez de construir uma narrativa política. Nesse sentido, os advogados de Bolsonaro pretendem focar em uma eventual ausência de provas que poderiam levar a uma eventual denúncia contra o ex-chefe do Executivo.
Para poder deflagrar a estratégia, a defesa de Bolsonaro optou por liberar o ex-presidente para um depoimento somente depois que a Justiça conceder aos advogados todos os detalhes da investigação, permitindo, desta forma, que seja possível rebater de forma técnica ponto por ponto.
Além disso, a ideia é de que Bolsonaro só responda à Polícia Federal (PF) questionamentos que não possam levar a uma eventual punição. Já no âmbito político, a ordem dada pelo Partido Liberal (PL), legenda do ex-presidente, é a de não submergir, mas sim enfrentar com discurso ideológico as acusações contra Bolsonaro.
Operação da PF
Na quarta (03), a Polícia Federal deflagrou uma operação que teve como base investigações sobre a suposta prática de crimes como a prática de crimes na inserção de dados falsos sobre vacinação contra Covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde (sistemas SI-PNI e RNDS).
Ao todo, foram seis pessoas presas. Dentre eles estão Mauro Cid, que como citado foi ajudante de ordens de Bolsonaro, e Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores do ex-presidente que trabalhavam no Planalto, além do secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro, João Carlos de Sousa Brecha.
Essa operação foi uma ordem de Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele, que é relator do inquérito das milícias digitais, também determinou a execução de 16 mandados de busca e apreensão.
De acordo com a PF, as investigações mostraram que a estrutura criminosa se consolidou no tempo, passando a ter a adesão de outras pessoas, atuando de forma estável e permanente para inserir dados falsos de vacinação contra a Covid-19 em benefício do então presidente da República.
Nesse sentido, a corporação constatou que as inserções teriam ficado a cargo do Secretário Municipal de Governo de Duque de Caxias, João Carlos de Sousa Brecha. “Para apagar os rastros das condutas criminosas, especialmente envolvendo Jair Bolsonaro e sua filha, houve participação de Claudia Helena Acosta Rodrigues da Silva, servidora do município”, informou a Polícia Federal.
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