Foram mais de 30 vezes de Daniel Silveira (PSL-RJ), deputado federal, descumprindo a ordem de usar sua tornozeleira eletrônica, de acordo com informações reveladas na ordem de prisão do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Em depoimento, o parlamentar tentou explicar o porquê dos descumprimentos, chegando a citar um episódio em que seu cachorro roeu o aparelho.
A afirmação foi feita durante um depoimento do deputado na quinta-feira (15) à Polícia Federal (PF). De acordo com um documento divulgado pela “Rede Globo”, nesta sexta (16), durante a oitiva, Daniel tentou explicar as razões pelas quais descumpriu às ordens que o garantia a prisão domiciliar.
Durante o depoimento, o parlamentar alegou inúmeras razões, como, por exemplo, “falhas sistêmicas” na região serrana do Rio de Janeiro para justificar o não uso do objeto. De acordo com ele, esses episódios o impedia de carregar o aparelho.
Além disso, o deputado disse que houve falta de carregamento do item por conta do anti-inflamatório que ele usa. Segundo o parlamentar, o remédio provoca “muito sono” e, por isso, ele acabava esquecendo de recarregar a tornozeleira.
Em outros momentos, ele disse que deixou de carregar enquanto participava virtualmente de sessões da Câmara dos Deputados. Todavia, Daniel Silveira ressaltou que os episódios ocorreram por falta de atenção e não de maneira deliberada.
Não suficiente, ele também argumentou que seus treinos diários de muay thai “podem ter danificado o interior do equipamento, mas a cinta externa está intacta”, disse. Durante o depoimento, Daniel Silveira ainda afirmou que, em uma dessas ocasiões, ele precisou trocar sua tornozeleira porque seu cachorro a roeu.
Por fim, ainda na oitiva, o deputado afirma que, apesar de não concordar com a determinação do uso de tornozeleira, pois a considera “ilegal”, tem “consciência de que ordem judicial se cumpre, independentemente, de seu conteúdo”.
A prisão de Daniel Silveira
Daniel Silveira foi preso após uma decisão do ministro Alexandre de Moraes, que atendeu um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). A solicitação do órgão aconteceu porque o deputado, que estava em prisão domiciliar, desrespeitou o uso de tornozeleira eletrônica diversas vezes. Para Alexandre de Moraes, a atitude do suspeito representou um “total desprezo pela Justiça”.
Assim como publicou o Brasil123, Daniel Silveira havia sido preso em fevereiro devido aos ataques aos ministros do STF e também por fazer apologia ao AI-5, instrumento de repressão mais duro da ditadura militar. Algumas semanas depois de permanecer na cadeia, o parlamentar teve sua prisão domiciliar autorizada pela Justiça e seguiu assim até o último dia 24 de junho, quando teve de voltar para a cadeia.
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