Deltan Dallagnol, o deputado federal do partido Podemos que teve seu mandato cassado, participou nesta última segunda-feira (29) do programa Roda Viva, da TV Cultura. Em um dos momentos do programa, o ex-deputado federal afirmou que defenderia o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) contra o atual mandatário, Luiz Inácio Lula da Silva. Dallagnol afirmou que só votou no ex-presidente no segundo turno das eleições presidenciais para evitar que Lula fosse eleito. “Avaliando Lula, avaliando Bolsonaro, eu não penso duas vezes em defender Bolsonaro contra Lula”, disse Deltan.
Em um outro momento da entrevista, Deltan Dallagnol fez um aceno aos pastores e também criticou a PL das Fake News, afirmando que case a PL das Fake News fosse aprovada, versículos da bíblia seriam censurados, ainda que não haja nenhum texto na lei que indique qualquer possibilidade em relação à isso.
“As plataformas se não quiserem tomar uma grande multa do governo, elas vão derrubar tudo quanto é xingamento, tudo que tenha determinadas palavras, isso vai restringir o alcance, isso é restringir o alcance, por exemplo, de versículos bíblicos que falam que, dentro do lar, existe uma liderança do homem sobre a mulher”, comentou Dallagnol. “De novo, não importa ou não se eu concordo com isso, importa que isso está na bíblia e feriria a cláusula específica de igualdade de gênero”, completou Dallagnol.
A afirmação de Deltan foi classificada como mentirosa e machista pelas apresentadoras que estavam na bancada do programa, principalmente por Vera Magalhães, jornalista que comanda o Roda Viva na Tv Cultura. Para ela, a resposta do ex-deputado é “um triplo twist carpado interpretativo”. A jornalista da CNN Brasil, Daniela Lima, disse que “é triste o país em que uma figura pública se sente à vontade para defender a submissão da mulher ao homem diante de tantos índices crescentes de feminicídio”.
Dallagnol também voltou a atacar o TSE
Durante o Roda Viva, Dallagnol voltou a fazer ataques aos ministros do Tribunal Superior Eleitoral. Ele acusou os integrantes da Corte de possuírem “interesses pessoais” quando decidiram por sua cassação. Ainda, ele entende que sua cassação teria sido “fora da lei”. “Um ministro chega ao tribunal superior não só porque é indicado pelo presidente, mas por que é apoiado por uma série de partidos e figurões da nossa República. […] Essas pessoas querem vingança, o sistema quer vingança”, apontou Dallagnol.
“O TSE emitiu uma decisão que criou uma inelegibilidade que não está prevista na lei para me cassar. Isso aconteceu fora da lei”, completou Dallagnol. O ex-deputado federal também defendeu que os presos pelos atos golpistas de 8 de janeiro precisam ter suas condutas individualizadas.
“Imagens das câmeras de segurança mostram que tinham pessoas tentando evitar qualquer dano, atentado. Você precisa dizer o que cada um fez, e você tem câmeras de segurança para dizer isso”, disse o ex-deputado federal, que completou afirmando que “todo mundo sabe, que não é ingênuo, como funcionam as decisões em Brasília. Alguns ministros vão decidir em cima da lei, e vários vão decidir por interesse. Isso é sabido, como as coisas funcionam no Brasil”, disse.